Obstáculos na Meditação - Bhante Vimalaramsi



A Remoção de Pensamentos Distrativos
MN20 (Majjhima Nikaya N°.20)

Bhante Vimalaramsi ensina como lidar com obstáculos que atrapalham a meditação, Segundo o Sutta nº 20 do Majjhima Nikaya (MN20)

Transcrição:

Obstáculos na Meditação - Bhante Vimalaramsi

Namo Tassa Bhagavato Arahato Sammasambuddhasa


Begin to See Produções Apresenta Palestra do Dhamma Com Bhante Vimalaramsi A Remoção de Pensamentos Distrativos Majjhima Nikaya N°.20 Um dos aspectos mais importantes de praticar a meditação é ser capaz de reconhecer os "Obstáculos" quando surgem... Se você não pode reconhecer um Obstáculo, então vai continuar sendo atrapalhado pelos Obstáculos e isso afeta o modo pelo qual você vê o mundo ao seu redor de maneira negativa... Uma das razões pelas quais os Obstáculos são tão importantes, é porque os Obstáculos é onde sua crença de "Eu sou isso" está armazenada. Aí é onde sua falsa ideia de uma crença em um "Eu" está armazenada. Quando quer que tome qualquer pensamento ou sensação pessoalmente, ISSO É um Obstáculo. Falando geralmente, o Buda falou de cinco tipos diferentes de Obstáculo: Disse, tem... Avidez ou Cobiça, "Eu o quero", Aversão ou Ódio, "Eu não o quero", Sonolência / Letargia, Inquietude / Ansiedade, e Dúvida. Agora, quando qualquer um destes surge... a razão pela qual se chamam Obstáculos é porque tomam toda sua atenção, e você nem sequer sabe onde está, porque este obstáculo o agarra e começa a atirá-lo para todos lados... O que se passa quando o obstáculo surge é que há uma sensação que surge. E essa sensação é desagradável... E logo depois que essa sensação surge, surgem pensamentos a respeito de por que não lhe agrada essa sensação. Primeiro há "Ânsia" ... a mente do "Agrada-me" ou "Não me agrada", Logo depois disso vêm os pensamentos a respeito de por que lhe agrada ou desagrada essa sensação... E depois vem sua "Tendência Habitual"... de... "cada vez que esta sensação surge, então... sempre atuo dessa maneira" Agora, tudo isto é um grande problema. Quando você está praticando qualquer tipo de desenvolvimento mental, ou buscando uma vida feliz! Porque as coisas não ocorrem como nós queremos que sejam... Há coisas que nos ocorrem que são muito difíceis de sobrelevar. São difíceis. E quanto mais nos identifiquemos com esses pensamentos e essas sensações, mais dor provocamos a nós mesmos. Então, o que precisamos fazer é aprender a... dar-nos conta quando surge um Obstáculo, E temos que saber O QUE FAZER quando esse obstáculo surge. Agora, isto ocorre a todos. E não importa se está sentado em meditação ou está fazendo suas atividades diárias; você vai ter obstáculos vindo ocasionalmente... Alguém vem e diz algo de que não gosta... então, Sua mente vai para esse descontentamento, e depois está em guerra com essa outra pessoa; começa a brigar com essa pessoa... Mas o que temos que fazer é nos darmos conta de que quando outra pessoa vem e diz algo que não é particularmente agradável, é que essa ... essa é a sua opinião, e ela pode ter a opinião que queira, isso não significa que você tenha que adotá-la e mudar sua opinião... não tem para que brigar com essa pessoa, não tem para que tomar sua raiva e fazer dela SUA RAIVA e... lançá-la de volta... O que tem que aprender a fazer é, dar-se conta de como está provocando dor a si mesmo, e como deixar ir essa dor... Então, este sutta designadamente fala disso um pouco; Este sutta é peculiar em alguns sentidos porque à medida que você passa pelas diferentes maneiras em que fala de de deixar ir os obstáculos, vai-se afastando mais e mais do real ensinamento do Buda... Uma das coisas que ocorreu com alguns dos suttas, é que foram influenciados por comentários, e foram influenciados por outras pessoas que praticaram um tipo diferente de meditação que foi ensinado pelo Buda... O Buda ensinou uma meditação de Tranquilidade e Insight, e uma quantidade enorme de pessoas agora está praticando um tipo de concentração absorta... Enfim, o que ocorreu depois que o Buda faleceu, duzentos anos depois que faleceu, foi que muitos brâmanes que começaram a usar as túnicas e clamando ser monges budistas, estavam ensinando sua religião bramânica. E nesse tempo, o Rei Asoka inteirou-se disto, e começou... Conclamou um Concilio, para assim poder repassar quais eram realmente os ensinamentos do Buda. E perguntava a todo aquele que usasse túnica, qual era o ensinamento do Buda e se não sabia Ele o expulsava da ordem... mas algumas desses ensinamentos, ficaram. E inclusive naqueles dias, depois de seis ou ... doze, e em alguns países, catorze Concílios Budistas para tirar os erros, ainda há alguns erros dentro. E este sutta designadamente é um deles... A primeira parte é genial, de modo que a veremos... "Assim OUVI. Em uma ocasião o Bendito estava vivendo em Savatthi no Bosque de Jeta, no parque de Anathapindika. Aí dirigiu-se aos monges assim: "Monges." - "Venerável senhor," responderam. O Bendito disse isto: "Monges, quando um monge está em busca da mente mais elevada, de quando em quando deve prestar atenção a alguns sinais.

Quais são estes? Aqui, monges, quando um monge está prestando atenção a algum sinal, e devido a esse sinal surgem nele pensamentos não-beneficiosos, malignos, conectados com desejo, com ódio, e com delusão..." Agora, pensamentos de desejo; todos sabemos o que é isso, e pensamentos de ódio; todos sabemos o que é isso, O que são os pensamentos de delusão? "...tomá-lo como 'Eu'?..." Você já sabe isto... deixe que os demais respondam por um instante... OK? Já lhe farei alguma pergunta difícil... Delusão é sempre a ideia de que "isto é meu", pessoalmente... "isto é quem sou"... Quando deixa ir a delusão, muda sua perspetiva de "Eu sou... Eu quero... ou, Eu não quero...", a "É só este querer... ou, é só este não querer" Então diz: "Eu estou chateado!"... ou ... "Realmente quero isto", quando diz "realmente quero isto", está tomando esse desejo e essa sensação de desejo, pessoalmente. E quando qualquer coisa seja tomada pessoalmente, você o está vendo da maneira errada. Tudo o que surge em sua mente, toda sensação que surge em seu corpo, é parte de um PROCESSO IMPESSOAL... NÃO É seu... Quando você está sentado e vem uma dor que surge em seu joelho, diz você: "Faz tempo que não tenho uma dor no joelho"? "...que tal se fizer com que surja agora?!" Não, surgiu porque as condições se deram para que surgisse. À medida que começa a ver que este é um processo impessoal, então deixa ir essa contração na mente, e o que está fazendo é: Deixando ir a ÂNSIA. A Ânsia é o COMEÇO do "Eu sou isso" A cada vez que deixa ir a Ânsia, RELAXE a tensão e contração em sua cabeça e em seu corpo... em sua mente... Cada vez que você relaxa, sentirá que sua mente se expande e abre um pouco, e que se acalma... nesse momento sua mente está muito pura, sua mente está muito alerta, sua atenção-consciente é muito rápida! E traz essa atenção, traz esse tipo de mente de volta a sua objeto de meditação... Então o que está fazendo é que está deixando ir a Ânsia, e toda vez que deixa ir a Ânsia apura sua mente... um pouco... A Ânsia não é particularmente forte, mas é particularmente persistente; segue surgindo uma e outra e outra e outra vez. De modo que temos muitíssimas oportunidades para ver como, quando qualquer coisa surge e atrai sua atenção para ela, aí há tensão e contração... E você precisa dar-se conta disso, RELAXAR, Sorrir, voltar a seu objeto de meditação... isto é... fazer os 6 passos... Isto eventualmente leva a uma mente que tem em si muito aguda consciência-observante... e então você pode se dar conta do quando sua mente COMEÇA a agarrar às coisas, e pode começar a relaxar e deixar ir de imediato; isto o ajuda a desenvolver sua personalidade, para que tenha mais equilíbrio nela; Não tem os altos altos, não entra nos baixos baixos. Tem uma mente que está mais equilibrada o tempo todo, ainda terá alguns altos e baixos emocionais, mas serão pequenos, não serão daqueles que podem afetar por uma semana ou dez dias ou um mês; vão afetá-lo por menos e menos quantidade de tempo, porque familiariza-o com COMO SURGE este tipo de obstáculos. O maior obstáculo que temos, é a INQUIETUDE. A inquietude compreende todos nossos pensamentos distrativos; mas o assunto com os obstáculos é que eles não vêm um de cada vez... gostam de andar em quadrilha, gostam de atacá-lo quando está 'pra baixo'... Então, pode ter Inquietude surgindo e depois descontentamento dessa sensação; e agora você tem dois obstáculos pelo preço de um De modo que você tem que ser capaz de se dar conta, primeiro, que está pensando... e está pensando a respeito de uma sensação; e essa sensação tem descontentamento envolvendo-a... essa é a Aversão! Agora, quando uma sensação surge, a verdade é: que ESTÁ AÍ. O que você faz com o que surge no momento presente, dita o que ocorrerá no futuro... À medida que começa a aceitar amorosamente que essa sensação está aí, e que está bem que essa sensação esteja aí, e então relaxa a tensão e contração provocadas pela aversão a ela, e depois sorri e volta a seu objeto de meditação, aprendeu uma grande lição de COMO funciona a atenção da mente! E deixou ir essa identificação com essa sensação e esses pensamentos. Agora, nas instruções sempre lhes falo do que fazer quando surge uma sensação em seu corpo; e isso é: Deixe ir o pensar; RELAXE... veja esse apertado punho mental agarrado ao redor da sensação, deixe-o ser e relaxa... Um erro que cometem as pessoas... e muito repetido, é que usam isto como um... garrote para fazer com que a sensação se vá, tentando atingí-la e buscando controlar a sensação. E não é assim. Isso não funciona. Garanto-o. O que você precisa fazer é: PERMITIR à sensação estar aí, não está mal que a sensação esteja aí, tem que estar bem, porque essa é a verdade, está aí! De modo que, quando quer que tente controlar a verdade, ou fazer com que a verdade seja da maneira que você quer que seja, você está lutando contra ela! Quando quer que lute contra ela, pode esperar sofrimento de volta.

Então, quando você deixa ir o querer que essa sensação seja de qualquer outra maneira do que já é, e permite-lhe estar aí por si só, de duas uma coisa pode ocorrer: ou a sensação se vai por si só, ou não. Mas se não, sua mente tem tal equilíbrio, que não se deixa atrair por essa sensação... simplesmente se dê conta que está aí. Agora, dito isso, devemos começar a falar um pouco acerca da diferença entre dor real e dor de meditação. Enquanto está sentado em meditação e uma sensação surge, pode parecer como uma dor real, mas quando se levanta e começa a caminhar e estica-se um pouco, em dez ou quinze segundos você se esquece até de que tinha uma dor; e isso é dor de meditação. Uma dor real é: tem uma dor, levanta-se e começa a caminhar e a dor não se vai... Se tem uma dor assim, não se sente como estava sentado novamente. Não precisa se sentar para fazer com que surja dor; sente-se comodamente. Pode, aliás, fazer-lhe dano forçando-se a sentar de alguma maneira determinada; conheço muitas pessoas que fizeram isto... Então, quando surge um obstáculo ... sempre vem com a falsa ideia de "Eu sou isso" aferrado... A cada vez em que se dá conta que sua mente se distraiu,... a princípio quando está sentado, sua mente pode estar distraída por dois, três ou quatro minutos antes de sequer de dar-se conta que sua mente se foi para longe... e não importa, está bem. Tão logo que você se dê conta que sua mente foi para longe, então pratique seus 6 passos (6 R's em inglês) Reconheça...Resigne-se...Relaxe...Ria-se...Retorne à seu objeto de meditação... e mantenha essa meditação andando: Repita. A natureza dos obstáculos é que não se vão de imediato; e isto é algo bom, não é algo mal. Como um obstáculo está lhe mostrando onde está seu apego, está lhe ensinando a dar-se conta disto e a como o deixar ir! Então, cada vez que sua mente salta para longe de seu objeto de meditação e vai ao obstáculo, sua tarefa como meditador é ver COMO OCORREU ISSO... O que se passou primeiro? O que se passou após isso? O que se passou após isso? À medida que se familiariza mais com o processo, você não estará envolvido por tanto tempo com o obstáculo; porém que começará a notar o que se passou justo antes que sua mente fosse... lançada longe. Digamos que tem sonolência e letargia; E comece a notar como funciona a sonolência e letargia, mas o que começa a ver é que está fazendo isto... e depois envolve-se por um momento... e então endireita-se e força sua energia para fazer com que se vá, e então... Então, o que ocorreu justo antes que você entrasse nessa sonolência? Suas costas dobraram-se um pouco... então toma isso como um sinal! Ok, quando quer que veja que suas costas se dobram, é momento de endireitar-se e voltar ao objeto de meditação, e então, justo antes que suas costas se dobrem, há algo mais que ocorre e você será capaz de reconhecê-lo. E depois, à medida que se familiariza mais com o como funciona o processo, será capaz de vê-lo mais e mais rápido e não se envolverá... E a sonolência e letargia, ainda que seja uma dor e não algo divertido, é um mestre para você, pois está lhe mostrando como funciona esse obstáculo. E à medida que se familiarize com como funcionam os obstáculos você começa a considerá-los como AMIGOS... São seus melhores amigos, porque o estão ensinando: COMO FUNCIONA sua MENTE. Agora, se você está praticando qualquer forma de concentração
uni-pontual, isso reprimirá aos obstáculos... não os deixará surgir. E, sua mente pode permanecer muito feliz e muito 'para cima' por longos períodos mas você não está aprendendo nada a respeito de como se move a atenção da mente! E assim é como realmente apura sua mente! Não mediante uma repressão momentânea, porque, eventualmente, vai surgir algo que a concentração não a vai reprimir e você vai ter uma imensa quantidade de sofrimento, porque não vai ser capaz de reconhecer como funciona esse processo, e vai se identificar muito intensamente com todos os pensamentos e sensações... Então, não ocorre pureza da mente quando você pratica concentração uni-pontual, no que se refere a reconhecer como funciona em realidade a Originação Dependente... E a Originação Dependente... o Buda passou 45 anos falando de Quatro Nobres Verdades e da Originação Dependente. Passou milhares e milhares de horas explicando como funcionam. E a razão pela que explicou isto, é porque realmente funciona. Não é um "Quiçá" Realmente, realmente funciona... e não quero que creiam em mim! Isso não é estranho? Vejam-no por si mesmos! Familiarizem-se com COMO É QUE A ATENÇÃO DA MENTE SE MOVE. Um dos aspectos importantes da meditação, é... o Sorrir. Quando tem um sorriso em sua mente, um sorriso em seus olhos, um sorriso em seus lábios, e um sorriso em seu coração, sua atenção-consciente está excepcionalmente aguda nesse momento; é muito fácil ver quando vem um obstáculo e começa a se agarrar e a jogar sua mente para abaixo... é realmente fácil dar-se conta... e além disso é fácil deixá-lo ir... Toda vez que você vê a sua mente pondo-se séria com qualquer coisa, isso quer dizer que há um apego à falsa ideia de "Eu sou isso". "Eu sou estas sensações" e "eu sou esses pensamentos", e "ASSIM é como sou eu!" Está cheia de conceitos, ideias e projeções e todo tipo de coisas que não têm nada que ver com a realidade do momento presente... Toda vez que se ocupa em analisar, em pensar a respeito de, em conceitualizar, isso é uma fonte de sofrimento... e quanto mais apertado se agarre a conceitos e ideias mais dor provoca em si mesmo... Então! O que fazer?! Não se ponha sério com estas coisas... E digo "estas coisas", querendo dizer: todos os aspectos de sua vida! Toda vez que se põe sério com respeito a algo, isso quer dizer que tem um apego; Toda vez que tem pensamentos repetitivos, isso quer dizer que tem um apego; E esse apego é SEMPRE: "Eu sou isso"! Qual é a causa do "Eu sou"? Começa na ÂNSIA À medida que aprende a relaxar... mas não é só relaxar, é relaxar... é deixar ir, relaxar, sorrir, voltar ao amor-amabilidade; Se aprende a fazer isso, não só em sua prática sentado, como também em suas atividades diárias, então começam a ocorrer mudanças. E à medida que as mudanças começam a ocorrer, pessoas virão a você e lhe dirão: "O que está fazendo diferente de antes?" "Parece estar bem mais feliz do que costumava ser", e isso é porque está começando a aprender como funciona o processo e não está se apegando quanto costumava fazer. Ok, li umas três frases do sutta antes de começar a falar... "Aqui, monges, quando um monge está prestando atenção a algum sinal, e devido a esse sinal surgem nele pensamentos não-beneficiosos, malignos conectados com desejo, com ódio, e com delusão; então deve-se prestar atenção a algum outro sinal conectado com o que é benéfico..." A "Prática Harmoniosa" no Caminho Óctuplo é: Reconhecer quando surge um estado prejudicial. O que é um estado prejudicial? Estado prejudicial é qualquer coisa que tenha "Eu sou isso" apegado a isso. É, deixar ir esse estado prejudicial, relaxar... É, trazer um estado benéfico, sorrir... E combinar-se com esse estado benéfico... Acabo de chamá-lo de Prática Harmoniosa, mas, a maioria o conhece por "Esforço Correto" Não é comprazer na coisa... não é lutar contra o estado prejudicial que surge, é simplesmente reconhecê-lo, deixá-lo ser, relaxar... voltar a sua objeto benéfico... combinar-se com seu objeto benéfico... O objeto benéfico sempre começa com o sorrir, e é além disso: seu objeto de meditação; ... e continuar com ele... À medida que aprende a fazer isto em sua prática sentado, então começa a trazê-lo consigo em sua vida diária. E, vão haver obstáculos que surgem: bem-vindo ao mundo real! Mas: "O que você faz com o que surge no momento presente, dita o que ocorre no futuro" Se toma os obstáculos e vai com eles e luta contra eles, e tenta controlá-los... pode esperar que surja mais sofrimento... ou, pode ver esse obstáculo surgindo, e pode deixá-lo ser, relaxar e sorrir... e voltar a desejar felicidade a alguém; e pode esperar ter uma mente mais e mais equilibrada... Essa é a decisão que devemos tomar, ou bem atuamos da maneira que sempre atuamos, que nos provoca dor, ou não! O truque é: a atenção-consciente. LEMBRAR, observar o que sua mente está fazendo no momento presente; à medida que pratica ter mais e mais alegria, e mais e mais sorrisos ... em sua mente e em suas atividades, é bem mais fácil lembrar sua atenção-consciente e ver a dor que provoca a si mesmo quando se identifica, e é bem mais rápido de deixar ir! conheci pessoas que tomaram a sensação de depressão, e se deprimem por semanas... agora, qual é a causa da depressão? Uma sensação dolorosa surge, "Não me agrada isso", a história de por que essa depressão está aí, e sua tendência habitual ... segue vindo e vindo... e como você não gosta dessa sensação, e não gosta dessa história, e tenta controlar a sensação com seus pensamentos, a sensação se agiganta e se intensifica... e à medida que a sensação se agiganta e se intensifica, seus pensamentos... sua mente tenta controlá-la ainda mais com o pensamento... e a sensação torna-se ainda maior, até que já não pode suportá-la! E depois há algum tipo de ato.. ir a uma habitação e fechar todas as janelas e dizer a todos que o deixem só. Mas, quando começa a reconhecer como funciona realmente a atenção da mente, então vê o inútil que é tentar pensar em suas sensações! E começa a deixar ir o pensamento, e a relaxar, e começa a ver a sensação pelo que é! É SÓ uma sensação desagradável!... Ok, e daí? Deixe-a ser... relaxe... Enquanto salta para trás e para frente, entre... esteja com seu objeto de meditação e esteja com essa sensação, à medida que a deixe ir mais e mais, essa sensação se debilita;


porque agora não há nada que a esteja empurrando... e se não há nada que a esteja empurrando, então se debilita por si só! e eventualmente o que ocorrerá é que essa sensação se tornará tão débil que simplesmente se desvanecerá por si só. E nesse momento, haverá uma grande sensação de ALÍVIO... Por que? Porque deixou ir um apego, deixou ir um apertado aferramento a isso, e o identificar-se com essa sensação e tentar controlar seus pensamentos, deixou ir isso, deixou ir esse hábito... Tão logo essa sensação de alívio ocorra, logo depois, surge muita ALEGRIA! A sensação de alegria é uma sensação 'para cima' em sua mente e seu corpo, muito leve... há muita excitação nela... o que se faz quando surge a alegria: permite-se a ESSA sensação estar aí... esta é uma sensação agradável (agora)... Ok? sensação agradável, sensação dolorosa: a mesma moeda, diferentes caras; trate-a da mesma maneira: permita-lhe estar aí, relaxe, volte a seu objeto de meditação; a sensação de alegria se desvanecerá, você se sentirá muito muito tranquilo, muito em paz... em mente e corpo... sua mente estará muito unificada, estará muito composta, e permanecerá no objeto de meditação sem esforço algum... mas, como é sua primeira experiência disso, ainda terá um pensamento distrativo ocasionalmente, não muito seguido, mas ocorrerá... mas tão logo note isso, deixe-o ir imediatamente e relaxe, às vezes é só metade de um pensamento o que surge antes de que se dê conta e o deixe ser e relaxe, e volte a seu objeto de meditação... Agora, o que acabo de lhes descrever é a experiência do Primeiro Nível de Entendimento, e chama-se-lhe "Jhana"... "Jhana" é uma palavra que se usa muito com frequência e a definição que se dá é que "Jhana significa concentração"... e NÃO. É um nível de seu entendimento... por que é um nível? Por que ocorreu?

418
00:37:24,972 --> 00:37:29,
Porque você aprendeu o que era um obstáculo, e como deixar ir o obstáculo... tornou-se mais inteligente, porque agora compreende: "isto é um processo" E PRECISA dos obstáculos, porque: quando sua atenção-consciente decai... VAI SURGIR outro obstáculo! E então agora tem que trabalhar com ESSE obstáculo A cada vez que surge, um obstáculo o ajuda a melhorar sua atenção-consciente, ajuda-o a se tornar bem mais alerta a respeito de como se move a atenção da mente! E quando deixa esse (nível) ir: outro nível de entendimento foi ganhado! De modo que os obstáculos são parte muito necessária na prática Agora, há alguns aspectos neste sutta que quando fala a respeito dos obstáculos e quão incontroláveis parecem ser, e quão rudes são... diz que aperta os dentes, e empurra sua língua contra o palato, e destrói a mente com a mente! E isso é o que diz realmente, mas outro sutta diz que o Buda tentou isso e não funcionou! de modo que simplesmente isso foi tomado daí... esta palavra, a palavra desse outro sutta, foi simplesmente anexada aí. Mas quando eu estava na Birmânia, esse era o mais famoso... que os professores Birmaneses ensinavam a seus alunos: "como destruir a mente com a mente"... havia um tipo de prática em que se alegravam de que surgissem sensações dolorosas, e não... (isso) não leva a paz e tranquilidade... no meu modo de pensar... O aspecto mais importante do ensinamento do Buda que encontrará, ou um dos aspectos importantes, pode ser dito, é que o Buda sempre estava nos ensinando a abrir e aceitar, não a fechar e controlar... o Buda estava sempre tentando nos explicar como fazer isto... e tornar-se mais calmo... Agora, quando fala das Quatro Nobres Verdades, há sofrimento... não há que lhe dar muitas voltas, não obtemos o que queremos, obtemos o que não queremos! há todo tipo de coisas dolorosas que surgem... há sofrimento na vida... tem um corpo humano... há sofrimento... tropeça-se em um... se vai à cozinha e alguém jogou um grão de milho ao chão, o que se sente?... "mmm, isso dói"... MAS há uma causa para o sofrimento, e a causa do sofrimento é SEMPRE: a Ânsia; A Ânsia surge a cada um dos enlaces da Originação Dependente, como também as Quatro Nobres Verdades... Mas o Buda disse que não há que focar no sofrimento, disse: há uma maneira correta de ensinar e uma maneira incorreta de ensinar. A maneira incorreta de ensinar, é focar no sofrimento. E a maneira correta de ensinar, é focar na cessação do sofrimento. ...que é o que lhes venho mostrando... Enquanto você reconhece a tensão e contração, e a deixa ser e relaxa, sorri e volta a seu objeto de meditação, está praticando o Caminho Óctuplo NESSE MOMENTO... e está deixando ir o sofrimento... e quando faz isso o suficiente, começa a ir mais e mais e mais profundo em sua meditação; e seu entendimento começa a agudizar-se, e a esclarecer-se. Começa a ver mais e mais como funciona realmente este processo, e como este é um processo impessoal; todo o que nos ocorre na vida, é parte de um processo impessoal... Mas sempre o tomamos como: "isto sou eu", "isto é meu" À medida que você começa a desenvolver o sorriso, mais e mais enquanto está sentado, enquanto caminha, enquanto faz suas atividades diárias... isso ajuda-o a melhorar sua atenção-consciente... sua consciência-observante de como funciona tudo! E com esse conhecimento começa a develar os problemas da vida. Começa a ver que tudo é parte de um processo... ... porque se tem olho, cor e forma; o olho encontrando a cor e forma provoca o surgimento de "consciência-do-olho"; o encontro destas três coisas, chama-se "contato-do-olho"; com "contato-do-olho" como condição, surge "sensação-do-olho"; "sensação-do-olho" é agradável: "É uma visão bela", é desagradável: "é uma visão feia", ou nem-agradável-nem-dolorosa, "é uma visão neutra". Com "sensação-do-olho" como condição, surge "Ânsia-do-olho"; se é uma sensação agradável: "Agrada-me"; se é uma sensação desagradável: "Não me agrada"; Com "Ânsia-do-olho" como condição, surge "Apego"; "Apego" é todos os seus pensamentos, todas as suas opiniões, todos os seus conceitos, todas as suas ideias, todas as histórias acerca de por que agrada ou desagrada essa sensação; E com "Apego" como condição, sua "Tendência Habitual" surge, "Tendência Habitual" é sempre... a maneira que sempre atua quando esta sensação surge, e a maneira que sempre atua é o tentar controlar suas sensações com seus pensamentos... Quanto mais faz isso, mais dor provoca a si mesmo. Agora, o processo de praticar a meditação é aprender a dar-se conta disto! Não só quando está sentado, mas o tempo todo... A meditação é a vida, a vida é meditação. E isso significa levá-la consigo aonde quer que vá. À medida que aprende a desenvolver mais e mais alegria, mais e mais felicidade em sua mente, sua mente começa a pôr-se mais clara. E com essa clareza começa a ver como estes obstáculos, quando surgem, como nos provocam que tenhamos mais dor e sofrimento, e à medida que nos familiarizamos com o processo, começamos a deixar ir essa dor e sofrimento, com mais e mais facilidade o tempo todo. E isso é a cessação do sofrimento.

Isso é tudo do que esta meditação trata Não se trata de lutar contra os obstáculos quando surgem, é sim de dar-lhes as boas-vindas! e de reconhecer que estes amigos vêm ajudá-lo! "...Anjos disfarçados..." "...Anjos disfarçados..." essa está boa... o são... e diz: "por que continuam surgindo, já os deixei ir!" Não, não o fez! Ainda não!, continuam vindo! E vão continuar vindo até que REALMENTE os deixe ir! Não se pode fazer armadilha! Esta é a lição do Dhamma... Dhamma significa 'verdade'... Não se pode fazer armadilha nisso... Ok, então o que está fazendo quando você deixa ir um sinal que seja prejudicial e traz outro [benéfico]... "Quando presta atenção a algum sinal conectado com o benéfico, então qualquer pensamento prejudicial maléfico, conectado com desejo, ódio e delusão, é abandonado nele... e apazigua-se... E com o abandono deles sua mente se estabiliza, se aquieta internamente, volta-se para a quietude e compõe-se... Tal como um hábil carpinteiro ou seu aprendiz pode sacar, remover, e extrair um tarugo grosso mediante um fino, assim também quando um monge põe atenção a algum outro sinal conectado com o que é benéfico, sua mente se estabiliza, se aquieta internamente,, e volta-se para a quietude e compõe-se..." Agora... alguém tem alguma pergunta? Sim... "...(?) fez a pergunta antes a respeito de se esta meditação nos leva ... na vida diária, podemos ser livres de... ...ouvi-o dizer: "podemos ser felizes?",... ...mas sem alcançar Nibbana, ou em uma próxima vida...? Sim. "...essa é a resposta?..." Definitivamente, pode... mas é um assunto de ensinar a sua mente a estar... alerta, pára que possa VER como te provoca dor a ti mesmo... e depois começar a deixar isso ir... sua mente começa a se pôr muito 'para cima'! e quando isso ocorre, então é bem mais fácil se dar conta quando estas coisas começam a vir e a jogá-lo para baixo... diz: "não... não preciso fazer isso... vou deixar ir isso também!" Mas, ser um ser humano significa que vai ocorrer-lhe algo de sofrimento no curso das coisas. Vão haver momentos de dor surgindo, não necessariamente tem que ser sofrimento... Alguém em sua família morre... você não vai andar por aí sorrindo e feliz devido ao apego a essa pessoa, e o descontentamento por essa situação, mas à medida que começa a dar-se conta de que sua mente está muito aborrecida com a situação... essa é uma aversão, e tem muitos pensamentos a respeito de por que não lhe agrada... então tem que deixar ir esses pensamentos, relaxar... permitir a essa sensação estar aí... e relaxar isso; agora, envie pensamentos de amor-amabilidade a si mesmo, aos outros membros de sua família... à pessoa que morreu. Não importa... Mas uma das coisas que ocorre com a pena, é que as pessoas se frustram, se põem muito tristes, se entregam à pena, porque: Não SABEM O QUE FAZER... extraviam-se! e o que faz SEMPRE, para superar o sofrimento é APRENDER A DOAR. E doar o que? ... Doe seus pensamentos de amor e amabilidade ... Doe seus pensamentos de amor e amabilidade... tanto como possa se lembrar, doe, e quanto mais doe, menos se descoloca de seu equilíbrio essa grande dor... Agora, isso não significa que não vai lembrar nunca mais essa dor, lembrará... mas não SOFRERÁ por causa dela; Porque não está se IDENTIFICANDO com ela agora. Foi algo triste que ocorreu, isso é verdade, e... bem-vindo à vida: vão ocorrer coisas tristes, mas à medida que você aprende como funciona o processo, seu sofrimento se faz menos e menos, e começa a obter uma mente mais equilibrada... e com essa mente equilibrada vem um ALÍVIO que não pode encontrar de nenhuma outra maneira... ...que eu saiba... e com esse alívio há um tipo de contentamento ainda em situações muito difíceis... Sim... "...Então, isto está demonstrando uma prática no viver..." Definitivamente "...Um Dhamma comprometido..." Definitivamente, esta é uma prática no viver... é por isso que lhes disse: "Meditação é vida, a vida é meditação" Você tem que ser capaz de se dar conta do que está fazendo sua mente no momento presente, e como provoca seu próprio sofrimento... e deixe de ser sério com isso, comece a rir com isso, comece a sorrir com isso, e isso traz equilíbrio a sua mente... E disso se trata esta meditação, de aprender a ter esse equilíbrio, de aprender a dar-se conta do que está fazendo sua mente, e então não está sempre voando por aí, fazendo o que ELA queira fazer. Quanto mais pratica deixar ir e relaxar, mais começa a ver a importância de manter sua prática andando o tempo todo, E quando pratica os 6Rs (6 passos)... isso começa a se tornar mais e mais uma tendência habitual, e então troca os velhos hábitos por novos hábitos, os velhos hábitos que atiram sua mente para abaixo por novos hábitos que a soltam... E disso se trata a meditação. Então quanto mais possa fazer isto, mais fácil torna-se a vida, ainda vai ter esses altos e baixos... Isto é muito um processo do viver, Eu costumava me frustrar muito: após 20 anos de prática e tomar retiros de meditação nos que me movia muito, muito, muito, muito lentamente... e então, "OK, terminei o retiro..." e o professor: "Agora, estão fora do retiro, estejam conscientes!" Mas nunca explicava o que era a atenção-consciente... Não para valer... E como o se mover super lento se relaciona com suas tarefas no diário viver? Esta prática, o que faz, é que se mantém em sua vida diária, e o faz mais consciente ENQUANTO vive, de COMO provoca a si mesmo o sofrimento ... Ok?... Alguma outra pergunta?... "...sabe? Algo que você disse que há uma ameaça de que muitas pessoas andam pensando "Oh, não podemos ser pessoas felizes, não posso ter alegria, porque depois há um apego à alegria", e há pessoas preocupadas de "Não posso tocar música, porque é muito alegre..." ou o que seja, mas em realidade..."" Torna-se bem mais criativo quando começa a entrar no positivo... E... o apego à alegria é a mesmíssima coisa que fará com que a alegria desapareça... "...sim... o entendimento de que tudo é impermanente... não é isso o que o mantém longe de ... ou seja, pensar ... como quando tem uma sensação alegre, o apego está querendo que esta sensação fique, e não se dá conta de que é impermanente..." Correto... "Então... o que quero dizer é que podemos estar extremamente alegres no momento que está ocorrendo, enquanto compreende-se claramente que isto é algo impermanente..." O verdadeiro apego à alegria é: "Eu sou isso"... é a ÂNSIA... pode ter alegria, e pode durar por muitíssimo mais quando deixa ir o tentar de se agarrar a ela, tentar fazer com que fique... não pode... mas o tipo de contentamento que surge, quando esta alegria se desvanece é MUITO forte... e tudo está bem, porque está desenvolvendo sua equanimidade, e ESSA é a sensação mais elevada que possamos ter... Então, por que não compartilhamos algo de mérito? Que todos os que sofrem, sejam livres do sofrimento E os vitimados pelo medo, sem medo sejam. Que os aflitos desfaçam toda aflição, E que todos os seres encontrem alívio. Que todos os seres compartilhem este mérito que temos assim adquirido, Pela aquisição de todo tipo de felicidade...

Para mais informação: http://www.dhammasukha.org