O Discípulo em Treinamento Superior - MN53 - Bhante Vimalaramsi


Bhante Vimalaramsi comenta um discurso do Buda: ‘Sekha Sutta’, MN53

Transcrição:


Palestra do Dhamma em Seattle com Bhante Vimalaramsi

"O Discípulo em Treinamento Superior"


Sekha Sutta, Majjhima Nikaya 53

Palestra do Dhamma da Noite

Seattle, Washington. 26 de Março do 2007

Sempre gostei deste sutta porque a palavra para "treinamento superior" em Pali é "Abhidhamma"... mas isto não é a respeito da FILOSOFIA do Abhidhamma, mas sim do treinamento, o treinamento superior, o treinamento que leva ao Nibbana... Então:

"1. ASSIM OUVI. Em certa ocasião o Abençoado estava com os Sakyas em Kapilavatthu, no Parque de Nigrodha. 2. Agora, naquela ocasião um novo salão de assembléias tinha sido recentemente construído pelos Sakyas de Kapilavatthu e não havia sido ainda habitado por nenhum renunciante, ou brâmane, ou ser humano em absoluto. Então os Sakyas de Kapilavatthu foram até o Abençoado.e Após render-lhe homenagem, sentaram-se a um lado e disseram: "Venerável senhor, um novo salão de assembléias foi recentemente construído pelos Sakyas de Kapilavatthu e não foi ainda utilizado por nenhum renunciante ou brâmane ou ser humano em absoluto..." Quero parar aqui para informá-los de que, costumavam construir salões de assembléia e, quando houvesse um grupo de renunciantes no povoado, deixavam-nos dormir no salão de assembléias. Este salão de assembléias em particular não tinha sido inaugurado assim ainda. Era completamente novo... O que significa ... Significa que... geralmente, o teto era feito de ramos de palma que criam sombra e, às vezes, punham muros, às vezes não... era simplesmente a maneira que faziam naquela época... Este era um dos mais refinados, e sim tinha muros para assim se protegerem de vento e essas coisas... "Venerável senhor, que o Abençoado seja o primeiro a usá-lo. Assim que o Abençoado o tenha usado, então os Sakyas de Kapilavatthu o usarão depois. Isso será para a felicidade e bem-estar deles por longo tempo.

" 3. O Abençoado consentiu em silêncio..." Em outras palavras, assentiu com sua cabeça: "Sim, OK" "Então, quando viram que tinha consentido, se levantaram de seus assentos, e após render-lhe homenagem, mantendo-o à sua direita, foram-se para o salão de assembléias. Cobriram-no completamente com cobertas e prepararam os assentos, e puseram um grande jarro de água e penduraram uma lamparina com azeite. Depois foram até o Abençoado, e após render-lhe homenagem, pararam a um lado e disseram: "Venerável senhor, o salão de assembléias foi coberto completamente com cobertas e assentos preparados, pôs-se um grande jarro de água e pendurou-se um lustre de azeite. Que o Abençoado faça como julgar conveniente.

" 4. Então o Abençoado vestiu-se e, tomando seu recipiente e túnica exterior, dirigiu-se com a Sangha de bhikkhus ao salão de assembléias..." Por que viajava com seu recipiente e túnica? Porque se os deixava, alguém os roubaria... Isso é... não tinham portas com fechaduras... De modo que, por isso, sempre levava seu recipiente e túnica consigo... "... dirigiu-se com a Sangha de bhikkhus ao salão de assembléias. Quando chegou, lavou seus pés e depois entrou no salão e sentou-se a um lado do pilar central olhando para o leste. E os bhikkhus lavaram seus pés e depois entraram no salão e sentaram-se a um lado do muro ocidental olhando para o leste, com o Abençoado à sua frente. E os Sakyas de Kapilavatthu lavaram seus pés e entraram no salão e sentaram-se ao lado do muro oriental olhando para o oeste, com o Abençoado à sua frente..." Têm havido estudos a respeito das diferentes direções... e quando olhamos para o Leste e damos uma palestra do Dhamma, temos muito mais energia; se olhamos para o Norte não temos tanta energia... se dormimos com a cabeça para o Norte, temos um sono mais profundo, se temos inquietude e começamos a olhar para o Norte... a inquietude torna-se muito menor... se temos letargia e sonolência é melhor olharmos para o Leste, porque isso levanta nossa energia... Há um livro de Patrick Flanagan a respeito das pirâmides, e ele tinha aparelhos para medir as energias sutis, para tentar descobrir por que puseram as pirâmides como a fizeram, e as posições em que a fizeram... daí obtive essa informação... e na verdade funciona. Eu costumava viajar sempre com uma bússola porque sou muito ruim para as direções, e se me dava sono, e começava a olhar para o Leste a minha energia começava a aumentar... ou se estava muito inquieto, olhava para o Norte e isso tranqüilizava minha mente, de modo que... Não creiam em nada do que lhes digo... tentem e vejam se funciona para vocês. se é assim, adotem; se não, não. "5. Depois, quando o Abençoado havia instruído, alertado, acordado e alegrado os Sakyas de Kapilavatthu com uma palestra do Dhamma por uma boa parte da noite, disse ao venerável Ananda: "Ananda, fala aos Sakyas de Kapilavatthu a respeito do discípulo em treinamento superior que entrou na via. Minhas costas estão me incomodando.

Irei descansá-las." "Sim, venerável senhor," o venerável Ananda respondeu. Então o Abençoado dobrou em quatro o seu manto de retalhos e deitou-se sobre seu lado direito na postura do leão, com um pé sobre o outro, atento e plenamente consciente, após anotar em sua mente a hora de levantar-se..." Isto parece dizer que ele foi dormir, mas em realidade não, o verão depois... Agora, a informação que temos aqui é que ele está dizendo a Ananda "começa a falar você, porque as costas me doem." O que isto diz é que isto ocorre durante a última parte da vida do Buda... onde começa a sentir muitas dores de costas, e precisava aliviar a dor... isso não abalava a sua mente, ele não tinha aversão à dor, mas isto era realmente doloroso... O que você faz quando tem uma dor de meditação? como sabe a diferença entre uma dor de meditação e uma dor real? A dor de meditação é dor a que surge enquanto se está sentado, pode ser muito intensa, mas quando você se levanta e caminha, a dor desaparece em 5 ou 10 segundos... você a esquece muito rápido. Se é dor real, então essa dor não se irá. Então não te sentas mais dessa maneira (na que estavas) Não é preciso fazer o seu corpo doer para meditar... De modo que você encontra uma postura que traga alívio, se é que há dor real. E isso é o que o Buda fez, porque não queria lesionar-se...

Então, este tipo de atenção ao que o corpo faz no momento presente é uma parte importante da meditação. Tive professores quando estava na Birmânia, que decidiram que eu tinha que me sentar por períodos mais longos de tempo. Já ouviram esta história algumas vezes, creio... "não, não... estou curioso..." Cheguei lá... no primeiro dia do retiro, entrei e o professor disse: 'Como vai sua meditação?', Disse: 'Bem... tudo está bem... não há problema'... 'Quanto tempo se senta?' 'Sento-me uma hora, caminho uma hora'... essa era a prática regular. Então ele disse: 'Por que não senta por mais tempo?'. Disse: 'Bem'... Cheguei no dia seguinte e o professor disse: 'Quanto tempo se sentou?' Disse: 'Sentei-me por duas horas, caminhei uma hora' 'Oh, bem! Por que não se senta por mais tempo?' 'mmm, se... OK' Então cheguei no dia seguinte e ele disse: 'Quanto tempo se sentou?' Disse: 'Sentei-me por três horas, e caminhei uma hora... foi torturante! Com muita dor...' E disse: 'Bem, Por que não se senta por mais tempo?' De modo que pensei: 'bom, OK, posso fazê-lo'. De modo que cheguei no dia seguinte, mancando, e ele disse: 'Quanto tempo você se sentou?' Disse: 'Sentei-me por quatro horas, e caminhei uma hora... foi realmente duro, com muita dor...' Disse: 'Você se Moveu?', disse. 'Sim! Movi-me muito, era doloroso!' disse: 'Não se mova!' ... 'Já, OK'... de modo que regressei no dia seguinte: 'Quanto tempo se sentou?' 'Sentei-me por quatro horas, e caminhei uma hora...' Tinha lágrimas caindo por minhas bochechas... não estava chorando; só que é como quando nos golpeiam muito forte na cabeça e saem lágrimas, assim era... E disse: 'Moveu-se?'... disse-lhe: 'Não, e não quero experimentar isso nunca mais, foi muito duro'... Então ele só me olhou, moveu sua cabeça e disse: 'mmm... Por que não se senta por mais tempo?' Eu lhe disse: 'NÃO... não vou me sentar por mais... quatro horas é suficientemente duro, não preciso acrescentar mais tempo.' Mas eventualmente comecei a sentar-me por períodos mais longos. Agora, este tipo de meditação era um tipo forçado de meditação, e terminei ferindo meu corpo e desenvolvendo coágulos de sangue em minhas pernas. isto foi em 1990, isso é faz 17 anos, e ainda os tenho... "MUITO OBRIGADO!"

Essa era a maneira incorreta de praticar, e eu realmente NÃO a recomendo... MAS, quando você está sentado em meditação, e sua meditação está boa, sente-se por tanto quanto seja boa. Após um tempo começará a desenvolver a habilidade de sentar-se um pouco mais e um pouco mais... e às vezes sua mente sairá e dirá: 'Bem! Já é hora de levantar'. Não se levante imediatamente. Sente-se por outros cinco ou dez minutos, para ver se é a inquietude mental que surgiu, ou se, na verdade, sim, é hora de se levantar. Você tem que esperar e ver... De modo que pode estender suas sentadas um pouco... 5 a 10 minutos por vez, Às vezes supera essa inquietude e pode ser que permaneça por outra hora! ... ou hora e meia... É muito cômodo sentar-se por três ou quatro horas, QUANDO sua meditação é boa e na verdade aprende-se MUITO quando se faz isso. Mas não o faça à força... essa é a chave. E este professor em particular está sempre alentando a seus estudantes a sentarem-se por mais e mais, e cerca da metade das pessoas que terminam um retiro com ele acabam com algum problema dos joelhos para abaixo... De modo que não é realmente muito recomendável fazer isso... "6. Então o venerável Ananda dirigiu-se a Mahanama, o Sakya, assim: "Mahanama, aqui um nobre discípulo possui virtude, guarda as portas dos meios dos sentidos, é moderado no comer, e devotado à vigília; possui sete boas qualidades; e é um dos que obtém a vontade, sem problema ou dificuldade, os quatro jhanas que constituem a mente superior e provêem um permanecer prazeroso aqui e agora..." Recordem: 'Jhanas' quer dizer nível de entendimento". Temos certas experiências que ocorrem quando estamos em a cada um destes Jhanas, e falaremos disso em um momento... "8. "E como um nobre discípulo vigia as portas de suas faculdades sensoriais? Ao ver uma forma com o olho, um nobre discípulo não se apega a seus sinais e detalhes..." Que quer dizer isso... "se apega a seus sinais e detalhes"? Pensar neles. Sim... quer dizer que o agarras e "realmente me agrada esta vista!" "e quero que esta vista fique para sempre!" Como verão, há muito "EU" nisso, e QUERER CONTROLAR, nisso... e quando essa vista muda... e o fará... então você começa a almejar essa vista... Um belo por de sol... o que seja. Na verdade não importa. Disso fala quando fala de "apegar-se a seus sinais e detalhes" Já que, se deixasse a faculdade do olho sem vigiar, malignos estados prejudiciais de cobiça..." AGRADA-ME... "... e pesar..." NÃO ME AGRADA... "... poderiam invadí-lo, ele pratica a via de sua moderação, vigia a faculdade do olho, empreende a moderação da faculdade do olho..." Agora, de que realmente estamos empreendendo a moderação? Da faculdade do olho? Ou... a MENTE? Soltando a ânsia que surge quando a faculdade do olho se encontra com algo e surgiu sensação-do-olho.

Quando a sensação-do-olho surge, se justo aí você RELAXA está deixando ir a ÂNSIA (Tanha) E quando deixa ir a Ânsia, sua mente está muito clara, não há APEGO (Upadana), não há pensamentos NESSE momento. E sua mente não só está clara, como também pura... porque não há Ânsia! E não há IDENTIFICAÇÃO com essa Ânsia: "ME AGRADA", "Não ME AGRADA", vOCÊ deixa ir isso, quando deixa ir isso, Sua mente está pura E VOCÊ traz essa mente pura de volta ao objeto de meditação. Agora, ISSO significa que VOCÊ vai deter a ocorrência da visão? Não... Significa que vai deixar ir a Ânsia que surge, e o Apego... Agora, o que ocorre quando você não deixa ir a Ânsia? Então começa a pensar a respeito dessa visão, e enquanto lhe agrada, e "oh! lembro-me quando vi uma coisa igual a esta... Há alguns anos... fui a..." e assim de repente você está 5 milhas longe, 100 milhas longe, e mil milhas longe, pensando nisto e naquilo... e esse é o perigo de ser atrapalhado pelos sinais e detalhes! Quando você olha algo e relaxa ao mesmo tempo com isso, pode continuar olhando e, em realidade, acaba VENDO-O... Não é uma distração de pensamentos a respeito disso, em outras palavras, você está deixando ir todos os conceitos, ideias e histórias... E agora está, na verdade... se vê uma bela flor, quando deixa ir essa Ânsia, e a Ânsia sempre se manifesta como tensão e contração em sua mente e em seu corpo.

Quando você deixa ir essa contração que ocorre em sua mente e corpo, então está VENDO ESSA FLOR como realmente é. As cores são mais vívidas, a forma é mais notável, porque não existe a distração do 'pensar em'. E você a vê mais plenamente! E tanto faz com todas as portas sensoriais... se? Então, sua experiência é de estar no momento presente, e o momento presente, enquanto sua vista está aí é: momento presente, momento presente, momento presente, em vez de pensar em como foi, ou... Se, ou em como será... ou em como será... Sim. Atrapalhando sua essência verdadeira enquanto ocorre... Sim. Então... As cores se tornam mais vívidas, mais brilhantes... a beleza disso se faz mais real! Porque você não está emaranhado na Ânsia e no Apego e sua Tendência Habitual de 'pensar em'... É isto também o mesmo que "a gratificação, o perigo, e o escape", no outro...? Porque você acaba de usar "o perigo", e isto é como "a gratificação" que ouvimos nos outros suttas... Sim, claro! Então, uma das coisas das quais muitas pessoas que praticam meditação falam é, se digo algo como: "Gosto de 'cheesecake'." imediatamente dirão: "Oh você está apegado!" E não é assim, se como esse "cheesecake" sem ânsia ou apego algum... ou tendência habitual, se estou justo aí nisso... Não há nada de 'mau' em que gostemos de certos tipos de comida.

Houve uma vez, durante o tempo do Buda, em que uma mulher ouviu o Buda dar algumas palestras do Dhamma e começou a meditar e converteu-se em uma Anagami, que é a terceira etapa do despertar... e desenvolveu a habilidade de ler mentes, e os monges que estavam no monastério tinham uma ânsia por certo tipo de comida e ela cozinhava essa comida para eles... e trazia a comida e dizia: "esta é para ti, e esta é para ti..." com diferentes comidas... mas isso era o que queriam, e seu progresso em meditação era muito bom... depois do retiro das chuvas foram até o Buda e começaram a falar a respeito desta mulher, e de quão agradável era, e então outro monge teve a ideia "Ah isto é grandioso! Vou até onde está ela, porque assim terei a comida que desejar!" E assim o fez... e depois, nas manhãs seguintes quando tinha ânsia por alguma comida em especial, ela lhe cozinhava essa comida... E após um tempo começou a dar-se conta: "Se ela pode ler minha mente a respeito da comida, está lendo minha mente a respeito de tudo!" "Não quero ficar aqui" Então foi até onde o Buda estava e disse: "Venerável senhor, acho que é momento de me mudar para outro lugar" E o Buda lhe disse: "Não... este é o lugar onde absolutamente você deve estar" E porque? Por que quando voltou começou a vigiar sua mente, e a ser mais cuidadoso com os pensamentos que tinha. Seu progresso em meditação tornou-se muito bom, e converteu-se em um Arahant... devido a isso...

Agora, quando estava em... fui a Ásia... e pelos primeiros três anos na Ásia comi arroz todos os dias. Para uma pessoa de "carne e batatas", comer arroz era algo difícil, e realmente comecei a me cansar disso e decidi ir até certo professor que se encontrava na Austrália. E terminei por combinar com este professor e alguém decidiu que nos levariam a um Pizza Hut... Agora, o Pizza Hut... eu vivia de pizza para mim era grandioso, era uma de minhas comidas favoritas... Então fomos ao Pizza Hut, e eu devorava... realmente comi muita pizza... e os monges começaram a rir porque eu estava comendo tanta pizza e disse-lhes: "Olhem. Não chego perto de uma pizza há mais de três anos! Estive comendo arroz, e estou muito cansado do arroz, e este é o tipo de comida a que estou acostumado... de modo que vou comer muito desta vez!" E riam-se, e diziam: "Oh você está tão apegado!" E disse: "Ok, venham vocês a meu país onde não comemos arroz e vivam ali por três anos sem comer arroz, e depois dou-lhes um bolo de arroz... Quanto arroz comerão?" E de repente deixaram de rir... Há certas comidas às quais estamos acostumados e há preferência por essas comidas, isso não significa que estejamos "apegados"... Eu não estava pensando em comer pizza quando comia arroz. Mas quando a pizza apareceu, comi bastante... e eles pensaram que era muito. As pessoas estavam oferecendo a comida. De modo que na semana seguinte levaram-nos a outra Pizzaria, e dessa vez comi simplesmente uma quantidade regular, não comi a mais... e disseram, "bom, não gostas tanto como da última vez?" E disse-lhes: "Gosto da mesma maneira, mas satisfiz esse desejo já não preciso tanto..." E isso ocorre muito... U Silananda, a última vez que foi a Birmânia, ele tinha estado na América por anos e anos, comendo comida americana... foi à Birmânia, e a comida birmanesa é muito oleosa, cozinham em excesso os vegetais e sempre põem azeite nos vegetais e em tudo! Quando digo oleoso, me refiro a uma grande quantidade de azeite em tudo... Então, volta da Ásia, e a primeira comida com que se depara, quero dizer, devora-a... realmente come muito! Porque essa era a comida à qual estava acostumado. E não há nada de 'mau' nisso... Isso não significa que estivesse apegado; só significa que estava morrendo de fome na Birmânia e voltou e começou a desfazer-se dessa fome!

Mas, especialmente na Ásia, se dizes: "Gosto disto ou daquilo" a primeira coisa que dirão é: "Oh estás apegado a isso" E, muito com frequência, não tem nada a ver com apego, não com o real apego... seu entendimento do que é o apego não é muito grande... Pensam que quando vês algo, se é uma vista agradável, então supõe-se que você fecha os olhos e não a olha... ou alguém o acusará de estar apegado... Mas o apego vem de Ânsia (Tanha) e o Apego (Upadana), e deixando ir a tensão e contração em sua cabeça, em sua mente... ao fazer isso, então você não estás sendo levado longe pensando nisto e naquilo já não está emaranhado na história do que está olhando e então sua mente está pura... e olhar algo com intenção, olhar, observando sua mente para ver se há alguma tensão ou contração, e relaxando nisso... não é algo 'mau'... é algo bom... Agora, você tem que ser cuidadoso é com tornar-se tão emaranhado em olhar uma coisa que perde tudo o mais ao seu redor. Se perde todo o demais ao seu redor... se não ouve nada, se não nota nada mais do que onde está seu foco, esse é um tipo de concentração uni-puntual. Deve haver relaxamento, deve haver a consciência da tensão e contração quando recém começa a surgir... Você deve notar que há tensão quando está aferrado em manter uma só coisa em sua frente. E quando desenvolve sua concentração a certo ponto, isso reprimirá o surgimento dos obstáculos. Quando quer que detenha ou reprima às distrações de tirar a sua mente do momento presente, você não está vendo COMO FUNCIONA REALMENTE O PROCESSO DA MENTE. Precisa praticar, relaxar mais, para que possa ver como sua mente saltou deste para esse ponto. Não apareceu simplesmente de repente.

Há um processo que ocorre; O movimento da mente está continuamente indo de uma coisa à outra e você deve ser capaz de reconhecer como se move a atenção da mente de uma coisa à outra. Isto NÃO é SÓ durante a prática sentado Isto é durante TODO o dia. Então, quando vir que está se concentrado demais, há duas coisas que pode fazer: RELAXAR e RIR! Quando você ri, isso muda sua perspectiva um pouco e alivia a sua mente, para que possa ver que estava focando muito forte e relaxa novamente, e, levemente, começa a ver as coisas, mas observa como se move a atenção da mente de uma coisa a outra. Aí é onde está a lição real em meditação... É para isso que é a meditação. Não é para desenvolver uma mente que está tão extremamente concentrada que esquece tudo o mais... que... esquece de VER tudo o que surge... Muita gente está embaraçada na concentração uni-puntual e lhe dirão que estão extremamente relaxados, estão muito tranqüilos e ditosos quando ficam em um objeto de meditação, e é verdade, estão... mas não estão aprendendo como a atenção da mente se move de uma coisa à outra, Porque a FORÇA da concentração detém o movimento da mente E há muitas coisas estranhas que podem ocorrer quando se entra em concentração uni-puntual... pode ocorrer som nos ouvidos... chamam-no... os brâmanes e algumas pessoas da yoga, chamam-no a experiência "uau!" em que ouvem um som e pensam "isto é genial!" Isso ocorre com seus ouvidos... perdem o equilíbrio facilmente, podem se tornar superconcentrados quando estão em coisas simples e mundanas, como conduzindo um automóvel, e não ver o demais ao seu redor... isso é perigoso... Você não quer ser atrapalhado dessa maneira... Quer ter completa consciência... e essa é uma das definições de meditação do Buda: É ter completa consciência de tudo ao seu redor.

Enfim... "Ao ouvir um som com o ouvido… Ao cheirar um cheiro com o nariz… Ao saborear um sabor com a língua… Ao tocar um tangível com o corpo… Ao perceber um objeto-mental com a mente, um nobre discípulo não se aferra a seus sinais e detalhes. Já que, se deixasse a faculdade da mente sem vigiar, malignos estados prejudiciais de cobiça e pesar poderiam invadí-lo, ele pratica a moderação, vigia a faculdade da mente, empreende a moderação da faculdade da mente. Assim é como um nobre discípulo vigia as portas de suas faculdades sensoriais." "9. "E como um nobre discípulo é moderado na alimentação?..." Agora, isto soa como algo raro, ser moderado no comer.

Durante o tempo do Buda, tinham fome e esse tipo de coisas, de modo que quando havia comida, realmente aproveitavam para comer! Ante o temor de que uma fome pudesse vir... quando se come demais, o que ocorre é que essa energia que normalmente se poria em observar como se move a atenção da mente vai para seu estômago... e essa energia começa a debilitar a energia de seu corpo e você se sente um pouco mole após comer uma grande quantidade de comida, e isto é devido a sobrecarregar o estômago.

Agora, quando o Buda falava do comer, há um par de coisas que tenho notado: que as pessoas com sobrepeso, não mastigam muito sua comida... mastigam-na três ou quatro vezes e engolem. Quando o Buda comia, mastigava até que tudo em sua boca se fizesse líquido, e depois engolia Qual é a vantagem de se fazer isso? Ajuda a sua digestão grandemente... porque sua saliva precisa se misturar com a comida! Essa é a primeira parte da digestão. Outra coisa que ocorre com as pessoas que têm sobrepeso, é que tendem a comer muito rápido. Em outras palavras, em 5 ou 10 minutos comem tudo no prato. Quando você começa a desacelerar e a mastigar a comida então não comerá o prato todo em 5 ou 10 minutos. Vai demorar meia hora ou 45 minutos... Eu tinha amigos que eram médicos, e me hospedava em um monastério e disseram-me: "gostaríamos de comer contigo" E disse: "Bem, vou comer em minha tigela aqui... podem comer aí" Eu tinha apenas começado minha segunda colherada de comida, e eles já tinham terminado seus pratos... e levantaram-se e começaram a caminhar! Eu não achava que alguém pudesse comer assim tão rápido!

Os médicos, supõe-se que são "tratadores", certo? Não estão tratando seus próprios corpos muito bem. E essa é uma das razões pelas quais muitos médicos não vivem muito tempo. Porque passam seu tempo, aspas "tratando" a outros, mas não sanam a si mesmos. Não cuidam de si mesmos. Quando seu estômago está cheio pela metade, então deixa de comer, e bebe água até que seu estômago esteja cheio a três quartos, e então já está pronto... deixa o resto para o ar... Quando se faz isto, o corpo permanecerá muito são E não se tem tantas ansiedades... a ânsia por isto e aquilo Porque se está na verdade digerindo a comida mais do que estaria normalmente quando se come rápido. Então, esta é uma das coisas que o Buda notou que era muito importante para as pessoas em seu tempo, que era ser moderado no comer... Coma até que o estômago esteja pela metade, depois beba água e deixe espaço para o ar.

Agora, muitas pessoas, notam que eu como uma refeição ao dia e pensam que isso é muito peculiar... Como podes estar são ao comer só uma vez ao dia? Estou mais são quando como uma refeição ao dia do que quando comia duas vezes ao dia. Quando estive na Austrália, estive ali no dia mais curto do ano. na Austrália, que era o 21 de Junho, ou algo assim... e saímos e ficamos em um lugar no bosque e fazia frio. A geada ficava no solo até... lá pelas 11 da manhã, fazia frio... eu estava comendo uma refeição ao dia e nunca me resfriei! Depois começou a temperar... estive lá por 5 meses ou algo assim e comecei a ficar rodeado de pessoas que tomavam café da manhã. Não passou muito, quando comecei a tomar um pequeno bocado disto, um pequeno bocado daquilo... e então comecei a tomar café da manhã e imediatamente me resfriei. Então, voltei a uma refeição ao dia, e o resfriado foi-se muito rápido... em um ou dois dias, e não me resfriei mais.

Sei que há muitas ideias circulando a respeito da comida, e de "o café da manhã é a sua comida mais importante!" Bom, uma refeição ao dia está bem; não se precisa mais que isso. Mas requer acostumar-se, e há que saber como comer... há que saber qual é comida suave que se digere muito rápido e qual é a comida dura, que fica aí, e se fica faminto o tempo todo. As comidas duras seriam, legumes, arroz pegajoso, coisas assim... alguns grãos... mas se vais comer grãos, é melhor colocá-los de molho por pelo menos 12 horas, antes de comê-los, devido às enzimas necessárias... não é muito bom para seu corpo... "Aqui, refletindo sabiamente, um nobre discípulo ingere alimento nem por diversão nem para intoxicação, nem para a beleza e atração física, mas somente para a sobrevivência e continuação deste corpo, para terminar com o desconforto, e para auxiliar à vida santa, considerando: 'Assim darei um fim às antigas sensações sem despertar novas sensações e serei saudável e sem culpas e viverei em comodidade.' Assim é como um nobre discípulo é moderado no comer..."

Algumas das regras dos monges são interessantes com respeito à comida porque haviam monges que, como não se come após as 12:00, tinham a ideia de comer até encher-se, e depois vomitar e comer mais... e essa não é uma ideia muito boa, de modo que o Buda estabeleceu regras de não comer dessa maneira. E uma das regras que sempre me encantou, diz que não se pode pegar um bocado de arroz maior que um ovo de peru real, e pôr em sua boca e mastigá-lo... isso faz que suas bochechas se inflem ao mastigar... Um ovo de peru real! Sabem de que tamanho é? Alguém me disse: "do tamanho de um ovo de frango está bem..." Sabem quanta quantidade de comida é isso para pôr na boca? É grande quantidade de comida! Sabem? E este é um dos pontos polêmicos... Muitas pessoas dizem: "Não conseguimos fazer o que as pessoas conseguiam no tempo do Buda, porque nesse tempo as pessoas eram mais puras do que somos hoje". E temos tantas regras a respeito de coisas tão asquerosas que os monges faziam naquele tempo... Não eram nada diferentes do que somos hoje! Todo o assunto se reduz a seguir as instruções exata e precisamente, tal como o Buda as dispôs. E isso quer dizer: a importância de RELAXAR não pode ser subestimada... Toda vez que você relaxa deixa ir a Ânsia, Toda vez que deixa ir a Ânsia você está purificando a mente! E esse é o cessar do sofrimento. Então: RELAXAR... NOTAR quando há tensão e contração, ser capaz de RECONHECÊ-LA, de SOLTÁ-LA, RELAXAR, SORRRIR... é parte importante da meditação. Depois devolva sua mente ao objeto de meditação, e REPITA... siga em marcha... continue... A isso chamamos os 6 erres (6 passos) e isso é exatamente o como meditar conforme os Ensinamentos do Buda. O sucesso das pessoas ao praticar os 6Rs é simplesmente fenomenal... Quero dizer, é REALMENTE BOM.

Compreender o como se move a atenção da mente torna-se bem mais fácil de ver, e o notar como funciona este processo do movimento da atenção da mente de uma coisa à outra... E essa é a orientação que nos deu o Buda. Nos deu esta orientação de observar como se move a atenção da mente de uma coisa à outra, como se contrai com as coisas, como as emoções se desenvolvem, e como podemos deixar ir aqueles estados prejudiciais... "10. "E como um nobre discípulo é devoto da vigilância? Aqui, durante o dia, enquanto caminha para lá e para cá, e sentado, um nobre discípulo purifica sua mente dos estados obstrutivos. Na primeira vigília da noite, enquanto caminha para trás e para frente, e sentado, purifica sua mente dos estados obstrutivos. Na segunda vigília da noite, se deita sobre seu lado direito na postura do leão com um pé sobre o outro, atento e plenamente consciente, após anotar em sua mente a hora de se levantar. Após levantar-se, na terceira vigília da noite, enquanto caminha para trás e para adiante, e sentado, purifica sua mente dos estados obstrutivos.

Assim é como um nobre discípulo é dedicado à vigilância..." Logo que me converti em monge estava totalmente surpreendido, "Você não precisa meditar agora, precisa aprender do que se trata ser um monge. Observe o que se passa com sua mente enquanto você caminha e sinta-se... simplesmente observe..." E quando alguém que foi um laico por 40 anos toma as túnicas de monge tem ainda 40 anos de tendências habituais na mente! E tem a oportunidade de observar isso... A primeira vigília da noite é de 7:00 às 11:00h. A segunda vigília da noite, em que se dorme, é de 11:00 às 3:00h. E a terceira vigília da noite é das 3:00 até as 7:00h. De modo que recomendava-se que só dormisse 4 horas! E isso é difícil por dizer o mínimo, assim que você toma as túnicas e começa a praticar estas coisas, caminha cansado por muito tempo... e eu não ví que isso era necessariamente algo bom, mas o fiz de qualquer jeito... Mas ser dedicado à vigília significa observar como suas antigas tendências habituais vêm, seus desgostos, seus julgamentos, suas ideias, como você fabrica histórias a respeito de outras pessoas que vê... todo este tipo de coisas começa a aparecer e você tem a oportunidade de observar como ocorre isto. "11. "E como um nobre discípulo possui sete boas qualidades? Aqui um nobre discípulo possui fé; situa sua fé na iluminação do Tathagata assim: 'O Abençoado é um arahant, perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, sublime, conhecedor de mundos, incomparável líder de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, iluminado, Abençoado.'

12. "Ele se envergonha de cometer transgressões; ele se envergonha da má conduta através do corpo, da fala, e da mente, se envergonha de praticar atos ruins e prejudiciais.

13. "Tem temor aos maus atos; teme à má conduta através do corpo, fala, e mente, teme praticar atos ruins e prejudiciais.

14. "Ele aprendeu muito, recorda-se daquilo que aprendeu, e consolida o que aprendeu. Aqueles ensinamentos que são bons no começo, bons no meio, e admiráveis no final, com o correto significado e fraseado, e que proclamam uma vida santa que é completamente perfeita e imaculada — esses ensinamentos ele compreendeu bem, se recorda, dominou verbalmente, pesquisou com a mente e penetrou corretamente com o entendimento..." Agora, quando... durante o tempo do Buda... ele sempre estava falando de aperfeiçoar o corpo, fala e mente tanto quanto seja possível... e ser intransigente com algo que se considera má conduta é uma maneira de desenvolver a mente para não voltar a fazer aquilo novamente. É aprender a estar consciente, e as pessoas que se ordenam monges devem aprender todas estas coisas... e não é tarefa fácil... quando você se ordena, é como... antes de se ordenar, você tem muito 'acolchoamento' à sua volta e não tem uma consciência muito fortalecida... mas quando se ordena é como se todo esse acolchoamento se fosse e o mais sutil e pequeno tato, ou má conduta, provoca dor... e então você vai se tornando mais e mais consciente de como funciona esse processo. Então tem temor às más ações, não quer cometer erros, entende que esse karma imediato vem de volta e o beliscará um pouquinho e então você sabe que isso que ocorreu não foi algo bom... Quanto a: "Aprendeu muito, recorda o que aprendeu, e consolida o que aprendeu" Isso é para os meditadores... Consolidar o que aprendemos é, tomar os 6Rs e os praticar... isso é seguir o Caminho Óctuplo por completo... é CONSOLIDÁ-LO... fazê-lo simples para poder praticá-lo. Durante o tempo do Buda havia monges que não queriam fazer nada disso. Só queriam memorizar todos os suttas, os discursos que o Buda oferecia, e então sentavam-se todo o dia a memorizar, recitando-os em voz alta. E isto fala de ambos os tipos de monges... nesta parte do sutta... "

15. "É enérgico em abandonar estados prejudiciais e em empreender estados benéficos; é persistente, firme em perseverar, não negligente em desenvolver estados benéficos..." Quanto mais se entretenha com sua meditação, e quanto mais você sorria com as coisas e quanto mais interesse põe em desenvolver seu sorriso e sua mente enlevada, mais fácil se torna a meditação... disto fala em: "É enérgico em abandonar estados prejudiciais" Quando quer que você veja sua mente começar a ficar séria a respeito do que seja, isso se considera um estado prejudicial... Por que? Porque você começa a se identificar com esses pensamentos e sensações, e a tomá-los pessoalmente. Quando deixa ir essa gravidade da mente, e começa a relaxar e a sorrir, sua mente se torna positiva e isso é benéfico. Quanto mais você desenvolve sua mente benéfica, a mente positiva, esse sentido de entreter-se com a vida, e se relaxa... mais pura se torna sua mente... Funciona! E funciona muito bem... "16. "Ele possui atenção plena; está dotado com a atenção plena discriminatória superior; de modo que tem boa memória e se recorda daquilo que foi feito há muito tempo e do que foi dito há muito tempo..." NÃO entendo por que começa a falar da plena atenção (mindfulness) desta maneira... fala não da plena atenção, fala da memória... A cada amanhã lemos alguns dos versos do Dhammapada a respeito de praticar a alegria, e quanto mais você pratica a alegria, mais se recorda de fazê-lo, e mais alegre se torna... disso fala... de recordar coisas positivas e benéficas do passado, mas sem morar nelas, sem se identificar com elas, simplesmente recordar essa sensação para que assim surja essa sensação... Quanto mais se tem essa sensação feliz, essa sensação positiva, e dá essa sensação, mais alívio você tem em sua prática...

18. "E como um nobre discípulo é aquele que obtém a vontade, sem problema ou dificuldade, os quatro jhanas que constituem a mente superior e que proporcionam uma estada agradável aqui e agora? Aqui, bem resguardado de prazeres sensuais, ..." Já se recordam do que fazer com os prazeres sensoriais, permitem-lhes ser, sem envolver-se com eles... quando se está realmente resguardado de prazeres sensoriais enquanto se está sentado em meditação, os olhos estão FECHADOS... Ok, quando você está resguardado de prazeres sensoriais isso quer dizer que está sentado em meditação, fecha os olhos e o prazer sensorial de VER está muito resguardado nesse momento... você não vê nada... quando há um som distrativo, ouve pessoas falando, pode ter música, o que seja... Tão logo note que sua mente se foi para essa distração deixa ir essa distração, relaxe e volte ao seu objeto de meditação... assim é como você se torna resguardado do prazer sensorial de OUVIR assim como com todas as portas sensoriais... Estar resguardado de estados prejudiciais, isso quer dizer que quando quer que surja um obstáculo, você vê como surge, deixa ser, relaxa e volta ao seu objeto de meditação... após fazer isso, o obstáculo se debilita mais e mais até que desaparece... quando desaparece, você tem uma sensação de alívio e depois surge muita alegria! Quando surge este tipo de alegria, não surgirá esse tipo de obstáculo NESSE momento... "... um nobre discípulo entra e permanece no primeiro jhana… "

Surge alegria, que é uma alegria enaltecedora, é de muita leveza em sua mente e leveza em seu corpo... quando surge a alegria, isso pode se tornar uma distração se é que você se aferra a ela... então deixe estar aí essa sensação, relaxe e volte ao seu objeto de meditação... Após um momento, a alegria se desvanecerá e você começará a sentir MUITO forte tranqüilidade da mente... muita paz, muita calma, e se sentirá muito cômodo tanto de mente como de corpo. A isto o Buda chamou "Felicidade". Sua mente permanece no objeto de meditação sem distrações, está muito composta, e ligada ao objeto de meditação... "Com o aquietamento do pensamento aplicado e sustentado, ele entra e permanece no segundo jhana…" Quando entra no segundo jhana VOCÊ tem muita confiança, a alegria que surge é mais forte, sente-se mais leve de mente, mais leve de corpo, estará sorrindo... Quando a alegria se desvanece, a tranqüilidade é MUITO forte E depois VOCÊ começa a sentir... Perdão... senti-o vir e não pude detê-lo... você começa a se sentir muito, muito cômodo de mente e corpo! E a mente está muito muito composta, em paz. Aqui é onde, quando se pratica Amor-amabilidade, você deixa de estabelecer verbalmente um desejo em sua mente... Se continua a fazê-lo, sentirá dor de cabeça... quando você para e deixa ir e relaxa, isto se chama o estado de ... Perdão, novamente vem... Chama-se o estado de 'Nobre Silêncio' em que já não se verbaliza o desejo... todos estes são estados que ocorrem enquanto se está no segundo jhana Assim está muito melhor! "... com o desvanecimento também da alegria, ... ele entra e permanece no terceiro jhana… " Quando se entra no terceiro jhana, a alegria é uma sensação muito tosca agora... Ainda há felicidade surgindo, e é uma sensação de muita comodidade em corpo e mente... muito cômodo. A tranqüilidade da mente é muito forte nesse momento, tem-se Equanimidade, começa-se a ter um forte equilíbrio da mente e completa consciência... à medida que você deixa ir a tensão e contração em sua mente você começa a perder sensação em seu corpo, porque isso é a sensação, só tensão e contração, então, quando você está sentado e, de repente, não sente as pernas, ou não sente os braços, ou as mãos, ou um ombro, o que seja... mas quando tenha contato... se alguém vem e o toca e você o sente... assim é como ainda se tem completa consciência, quando há contato... "... com o abandono de prazer e dor, ele entra e permanece no quarto jhana, que tem nem-dor-nem-prazer com a atenção plena e a equanimidade purificadas..." Uma vez que entre no quarto jhana não há sensação surgindo em seu corpo em absoluto, porque você deixou ir toda tensão na cabeça... na mente e se há contato, saberá que foi tocado, mas tem tão forte equanimidade que isso não perturba sua mente... há só equilíbrio muito forte... Assim é como um nobre discípulo é alguém que obtém à vontade, sem problema ou dificuldade, os quatro jhanas que constituem a mente superior e provêem um permanecer agradável aqui e agora.

19. "Quando um nobre discípulo se tornou assim alguém que possui virtude, vigia as portas de suas faculdades sensoriais, é moderado no comer, e dedicado à vigilância; possui sete boas qualidades; que obtém à vontade, sem problema ou dificuldade, os quatro jhanas que constituem a mente superior e proporcionam uma permanência prazerosa aqui e agora, chama-se-lhe alguém em treinamento superior que entrou na via. Seu ovo está intato; ele é capaz de romper a casca, capaz de se iluminar, capaz de alcançar a suprema segurança contra o cativeiro. "Suponham que uma galinha tenha oito, dez ou doze ovos, que ela aqueceu corretamente, incubou, e nutriu apropriadamente.

Ainda que não desejasse: 'Oh, que minhas crias possam picar as cascas dos ovos com suas garras e bicos e saiam com segurança!', mesmo assim os pintinhos são capazes de picar as cascas com a ponta de suas garras e bicos e sair da casca em segurança. Assim também, quando um nobre discípulo se tornou em alguém que possui virtude… chama-se alguém em treinamento superior que entrou na via. Seu ovo está intacto; é capaz de romper a casca, capaz da iluminação, capaz de alcançar a suprema segurança contra o cativeiro.

20. "Baseado nessa mesma suprema atenção plena purificada devido à equanimidade, este nobre discípulo se recorda das suas miríades de vidas passadas..." "Quando sua mente composta é assim purificada, brilhante, incontaminada, livre de imperfeição, maleável, governável, estável, e que adquire imperturbabilidade, ..." Tudo isto descreve o quarto jhana; você tem este forte equilíbrio mental. Quando dirige sua mente para o conhecimento da lembrança de vidas passadas, Você deve começar... não lhe mostrarei como fazer isto até que entre no quarto jhana, porque você precisa dessa equanimidade... porque você recordará vidas passadas... Há de aprender a desenvolver a habilidade da memória, mas há coisas que fizemos em vidas passadas que não são muito agradáveis... e há coisas que são realmente aterradoras que nos ocorreram em vidas passadas e a não ser que você tenha essa forte equanimidade é muito perigoso recordar vidas passadas... É por isso que quando ouvimos de pessoas que se hipnotizam e recordam vidas passadas e esse tipo de coisas, a não ser que essa pessoa seja muito hábil, é perigoso... não é algo com que jogar... "... ele a dirige ao saber da lembrança de vidas passadas. Isto é, um nascimento, dois nascimentos, três nascimentos, quatro nascimentos, cinco nascimentos, dez nascimentos, vinte nascimentos, trinta nascimentos, quarenta nascimentos, cinquenta nascimentos, cem nascimentos, mil nascimentos, cem mil nascimentos, muitos éons de contração-do-mundo, muitos éons de expansão-do-mundo, muitos éons de contração e expansão-do-mundo: Ali chamava-me assim, de tal clã, com tal aparência, tal era meu nutrimento, tal minha experiência de prazer e dor, tal o fim de minha vida; e falecendo aí, reapareci em outro lugar, e aí também me chamava assim, de tal clã, com tal aparência, tal era meu nutrimento, tal minha experiência de prazer e dor, tal o fim de minha vida; e falecendo aí, reapareci...' Assim com seus aspectos e particulares ele recorda suas miríades de vidas passadas. Esta é sua primeira saída da casca como a dos pintinhos daquela galinha.

21. "Baseado nessa mesma suprema atenção plena purificada devido à equanimidade, com o olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, este nobre discípulo vê os seres falecendo e reaparecendo Quando sua mente composta é assim purificada, brilhante, intocável, livre de imperfeição, maleável, governável, estável, e que adquire imperturbabilidade, ele a dirige ao saber do falecimento e reaparecimento dos seres..." O que ocorre é... isto ocorre na verdade de modo natural e por si só, você começa por recordar vidas passadas e depois à medida que começa a recordar mais e mais vidas passadas, começa a compreender realmente como funciona o karma, e não há dúvida em sua mente de que o karma é real. Mas você começa a obter mais e mais equanimidade com todos estes atos passados... e o que ocorre é, que irá mais fundo em sua meditação, e quando vai mais fundo em sua meditação, o que verá basicamente, o que ocorre é que começa a visitar outras esferas, esferas celestiais, infernais, de espectros... animal... todos estes lugares... e vê como as pessoas nascem aí e os atos que os levaram aí, quanto vivem, e falecem e começa a ter uma ideia de como tudo é impermanente e da roda de Samsara que está continuamente girando e girando... "... ele dirige sua mente ao saber do falecimento e renascimento dos seres. Com o olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, ele vê seres falecendo e reaparecendo, inferiores e superiores, belos e feios, afortunados e desafortunados. Ele entende como os seres passam de acordo com seus atos assim: 'Os seres dignos que se conduziram 'mal' em corpo, fala, e mente, denegridores dos Nobres, errados em suas visões, dando maus exemplos através de seus atos, na dissolução do corpo, após a morte, renascem num estado de privação, em um 'mau' destino, na perdição, inclusive em infernos; mas aqueles seres dignos que se conduziram bem em corpo, fala, e mente, não denegridores dos Nobres, corretos em suas visões, dando bons exemplos através de seus atos, na dissolução do corpo, após a morte, renascem em um bom destino, inclusive no mundo celestial.' Assim com o olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, ele vê seres falecendo e reaparecendo, inferiores e superiores, belos e feios, afortunados e desafortunados. Ele entende como os seres passam de acordo com os seus atos..."

22. "Baseado nessa mesma suprema atenção plena cuja pureza se deve à equanimidade, compreendendo por si mesmo com conhecimento direto, este nobre discípulo aqui e agora entra e permanece na libertação da mente e na libertação através da sabedoria que são imaculadas com a destruição de todas as impurezas. Esta é sua terceira saída da casca como a dos pintinhos daquela galinha..." O que ocorre é que após um tempo você estará experimentando o cessar da percepção e da sensação, a mente simplesmente se apaga por um momento, quando a percepção e a sensação surgirem novamente verá os enlaces da Originação Dependente. E isso é o que quer dizer quando se diz: 'Libertação pela sabedoria' A cada vez que se usa a palavra 'sabedoria' nos suttas está-se falando de ver a Originação Dependente e como funciona a Originação Dependente... Então, o que você vê é... o que obtém é profundo entendimento de como este processo surge e passa, e o vê muito claramente e por si mesmo, que este é um processo impessoal. E este processo impessoal, quer dizer que há somente relações de causa e efeito que estão continuamente surgindo e passando, surgindo e passando... é nascimento, morte, nascimento, morte, nascimento, morte... Quando vês isto e na verdade o compreendes, ocorre a experiência de Nibbana... Então... o que acabamos de ver é o que se chama o 'Tivijja'... Ti significa Três, Vijja significa Conhecimentos ou Sabedorias. E esta é a maneira pela qual o Buda experimentou Nibbana. Chegou ao quarto jhana, começou a recordar vidas passadas, e viu o surgimento e falecimento dos seres, e depois teve a experiência da cessação da percepção e da sensação e viu a Originação Dependente...

23. "Quando um nobre discípulo possui virtude, isso pertence à sua conduta. Quando vigia as portas de suas faculdades sensoriais, isso pertence a sua conduta. Quando é moderado no comer, isso pertence a sua conduta. Quando é dedicado à vigilância, isso pertence a sua conduta. Quando possui sete boas qualidades, isso pertence a sua conduta. Quando é alguém que obtém a vontade, sem problema ou dificuldade, os quatro jhanas que constituem a mente superior e proporcionam uma estada prazerosa aqui e agora, isso pertence à sua conduta.

24. "Quando recorda suas miríades de vidas passadas… com seus aspectos e particulares, isso pertence a seu verdadeiro conhecimento. Quando, com o olho divino… vê os seres falecendo e reaparecendo e compreende como os seres continuam de acordo a seus atos, isso pertence a seu verdadeiro conhecimento. Quando, realizando por si mesmo com conhecimento direto, aqui e agora entra e permanece na libertação da mente e libertação através da sabedoria que são imaculadas com a destruição das impurezas, isso pertence a seu verdadeiro conhecimento.

25. "Este nobre discípulo diz-se então que é perfeito no verdadeiro conhecimento, perfeito em conduta, perfeito em verdadeiro conhecimento e conduta. E estes versos foram recitados pelo Brahma Sanankumara: 'Os khattiya são os melhores dentre As pessoas cujo padrão é a linhagem; Mas aquele com a conduta e o conhecimento consumados é o melhor dentre devas e humanos. ' "Essa estrofe foi bem recitada pelo Brahma Sanankumara, não 'mal' recitada; foi bem dita, não 'mal' dita; tem um significado, e não é sem significado; e é aprovada pelo Abençoado."

26. Logo o Abençoado levantou-se e dirigiu-se ao venerável Ananda assim: "Muito bem, Ananda! É bom que tenhas falado aos Sakyas de Kapilavatthu a respeito do discípulo em treinamento superior que entrou no caminho." Isso é o que o venerável Ananda disse. O Mestre aprovou. Os Sakyas de Kapilavatthu ficaram satisfeitos e deleitados com as palavras do venerável Ananda." Então, esse acabou sendo um sutta bem mais longo do que pensei.

Os Verdadeiros Conhecimentos que o Buda experimentou na noite de sua iluminação, seus olhos foram "abertos", mas ele já tinha experimentado ver vidas passadas antes, e já tinha experimentado ver o surgimento e falecimento dos seres antes, e em realidade entendia a Originação Dependente, mas nunca havia COMPREENDIDO esses Conhecimentos. E na noite de sua iluminação, compreendeu-os. Viu para além de toda sombra de dúvidas que 'isto é real' 'assim é como funciona' Justo antes de sua iluminação foi atacado por muitos obstáculos... MUITOS... teve que trabalhar com esses obstáculos, ao não se deixar atrapalhar por esses obstáculos, permitido-lhes ser e relaxar e voltar ao seu objeto de meditação, esses obstáculos desvaneceram-se... e como esses obstáculos estavam aí, e aí era onde se encontrava a falsa ideia de um 'eu' ... ao deixá-los ir, foi tal a sensação de alívio, que a experiência da cessação de todo sofrimento ocorreu. Os obstáculos são uma parte muito necessária da prática. Cansam-se de ouvir-me dizer isso, certo? São muito necessários porque estão mostrando onde estão seus apegos, estão mostrando para onde todas as suas tendências habituais os levam sempre ... E à medida em que você se familiariza mais com... como a atenção da mente que vai para esses obstáculos e como estes surgem, está ensinando a você mesmo uma e outra vez como funciona este processo de Originação Dependente em realidade É parte muito necessária da prática. Então, algo mais? Compartilhemos mérito Que todos os que sofrem, sejam livres do sofrimento E os envolvidos no medo, sem medo estejam. Que os aflitos desfaçam toda aflição, E que todos os seres encontrem alívio. Que todos os seres compartilhem o mérito que adquirimos, Pela aquisição de todo tipo de felicidade. Que todos os seres que habitam o espaço e a terra, Devas e nagas de grande poder, Compartilhem este nosso mérito.

Que protejam longamente a dispensação do Senhor Buda.

Sadhu ... Sadhu... Sadhu...

Para mais informação: www.dhammasukha.org