Epistemologia Budista - Bhante Punnaji

Parte 1 de 2:


Parte 2 de 2:

Bhante Punnaji fala sobre o desenvolvimento do pensamento na filosofia ocidental e sua história no "Kalama Sutta" do Buda.

Transcrição:

Bhante Punnaji - "Epistemologia Budista" - Parte 1 de 2


Namo Tassa Bhagavato Arahato Sammasambuddhasa

Hoje, falaremos da "Epistemologia do Budismo, que também chamam (...) Através de várias gerações vem-se tentando encontrar as respostas a estas perguntas. E quando estudamos a história da filosofia Ocidental, percebemos que gradualmente têm melhorado sua maneira de pensar, e é uma evolução gradual do pensamento, e podemos rastrear os passos pelos quais têm passado através desta evolução do pensamento. E no Budismo, constatamos que o Buda, muito antes que o Ocidente tenha tentado responder estas perguntas, o Buda havia tratado deste tema. E quando estudamos os ensinamentos do Buda, constatamos que o Buda era muito avançado em seu pensamento. Tão avançado que o Buda chegou a uma solução final do problema.

Então, é muito bom compreender isto. Se estudamos o sutta, chamado "Kalama Sutta", aí vemos que no "Kalama Sutta", o Buda passa pelos mesmos passos que a história da filosofia vem passando... isto é, os passos pelos quais os filósofos tiveram que passar à medida que melhoraram sua maneira de pensar, isso foi traçado pelo Buda, muito antes de que ocorresse. Então, em outras palavras, é um processo natural pelo qual os seres humanos devem passar para chegar a um objetivo final. De modo que é muito interessante discutir isto. Agora, antes de discutirmos a história da filosofia no Ocidente, podemos revisar o Kalama Sutta, no que ele discute isto. E podemos também começar com a história da filosofia Ocidental.

De modo que pensei em começar pela história da filosofia Ocidental. Como começaram a descobrir certas coisas a respeito da "verdade". Os primeiros que falaram da "verdade", foram os que eu chamo de "tradicionalistas", isto é, o que fosse que se encontrasse em sua tradição... toda cultura tem um grupo de crenças, diferentes culturas têm diferentes crenças, e a cada cultura crerá cegamente nestas coisas, porque dizem seus livros sagrados, como a Bíblia, ou o Corão, ou os Vedas para os Hindus, ou o Tipitaka para os Budistas... Assim, há diferentes textos sagrados que lêem e discutem e simplesmente crêem como sendo "a verdade". Isso era a tradição... isso se chama "tradicionalismo". E então quando as pessoas começaram a pensar e raciocinar, fizeram perguntas, é verdade ou é falso?, Este tipo de pensamento começou com o que chamamos filosofia. Por isso dizem, "a filosofia começa com a dúvida". De que duvidam? Das tradições. E a dúvida vem como uma pergunta, é verdade ou é falso? Então, em outras palavras, com a dúvida vêm os dois conceitos: A Verdade e o Falso.

Então, quando fazemos a pergunta, (...) a ideia ou teoria ou conceito racional que é oferecido por um filósofo, tem de ser verificada por meio da experiência, mediante o ver, ouvir, cheirar, degustar, tocar... podemos verificá-lo para ver se é verdadeiro ou falso... Este tipo de pensamento levou a um conceito chamado "Empirismo". Estes filósofos foram chamados "filósofos empiristas"; então o "Empirismo" simplesmente depende da experiência sensorial. E a ciência moderna em realidade é empírica nesse sentido. O método científico é um método de verificação de toda ideia e conceito por meio da observação experimental. Isto é Empírico.

Agora, o que ocorreu é que ainda mediante este método, um cientista exibe certa teoria e mais adiante vem outro cientista e desaprova-a mediante mais experimentação e pensamento, e usando conceitos matemáticos... Algo similar ocorreu quando Isaac Newton exibiu (... CORTE...) ... "eles são capazes de ver esta "verdade",a realidade que é trascendente... é por isso que encontramos hoje algo chamado "meditação trascendental", isso vem da mesma maneira de pensar, de que há uma "verdade trascendente" que pode ser vista por pessoas que meditam e desenvolvem a mente... por meio de percepção extra-sensorial, ou às vezes usa-se "intuição" com referência a esse tipo de pensamento... Mas, houve outros filósofos que começaram a dizer, "essa definição não é correta para valer. Por que? Porque essa é uma verdade que ninguém pode em realidade ver, ninguém pode saber. É somente adivinhação." E ademais que "esta verdade, ainda que algumas pessoas digam que os místicos podem ver mediante percepção extra-sensorial, esse é também outro tipo de sentido, e outro tipo de percepção a que chegamos, é a outra imagem mental de algo, e portanto não está fora da experiência sensorial" Por isso, recusaram esse tipo de pensamento. O que ocorreu foi que o pensamento empírico levou a uma aceitação do que chamam probabilidade".

Os cientistas sempre falam de uma "verdade provável", não de uma "verdade verdadeira". Então, a "Certeza" foi o que desenvolveram os Racionalistas, ou o que desejavam obter, a "certeza"; mas os Empiristas diziam "a certeza é impossível", "estamos satisfeitos com a probabilidade". Agora, os Trascendentalistas, eles falavam de uma "Verdade Absoluta", "uma verdade que não vem da imaginação ou do pensamento de uma pessoa; essa é a verdade absoluta que não pode ser percebida". Mas depois, outra escola de pensamento, os chamados "Racionalistas," "Filósofos Analíticos"... "Filósofos Linguistas", não racionalistas. Perdão... Os "Filósofos Linguistas", também chamados "Positivistas", diziam "É impossível chegar a uma verdade absoluta, e inclusive falar 'para valer' não é correto porque toda verdade da qual possamos falar é uma declaração, uma frase, esta declaração vem na forma de uma frase, e estas frases podem ser analisadas para ver se são significativas ou não significativas... então, só podemos falar de frases significativas, não da verdade". Assim, renunciaram à busca da verdade e só falavam de frases significativas e frases não significativas. Então analisavam frases, por isso são chamados de "Analíticos", e "Linguistas" ... porque só usavam frases, linguagem. E então, a busca da verdade foi-se! Agora já não estavam interessados na verdade... só falavam de frases significativas ou não significativas. Depois veio outro tipo de filósofos, chamados "Pragmáticos"; estes começaram a dizer, "o propósito do pensamento humano não é descobrir a verdade, o propósito do pensamento humano é resolver problemas. Então o que temos que fazer é resolver problemas, não descobrir a verdade. E então se alguma pessoa tem uma solução para um problema, podemos prová-la, usando-a e vendo se o problema se resolve. Se o problema não é resolvido..." (... CORTE...) Há um problema a resolver no mundo. Um problema básico. Todos os outros problemas dependem deste único problema. E esse problema, é que os seres humanos são conscientes de que "existem". E não só estão conscientes de que "existem", mas também de que vão morrer.

E como estão conscientes de que vão morrer, há ansiedades, medos, preocupações a respeito deste fato. As perturbações emocionais. E este é um problema que precisa de solução. Em verdade, nossa vida inteira, ou seja, sair para buscar alimento, ou sair para buscar trabalho, ou o fato de termos todo tipo de guerras políticas, e, esforços para resolver problemas na vida, tudo isso está baseado neste problema básico. O problema da "existência".

E tentavam encontrar uma solução. E encontraram... ao menos um filósofo, como Kierkegaard, descobriu que era impossível resolver este problema por meio da razão humana. E portanto a única maneira era dar um "salto de fé", e crer em Deus. E na bíblia, por que era cristão. Mas outros filósofos existencialistas, disseram, "não, não podemos aceitar essa solução, "o salto de fé"... em vez disso, precisamos passar por uma maneira diferente de pensar. E então, pessoas como, Heiddegger e Sartre... disseram: "a única solução é que a cada ser humano deve fazer uso de sua própria inteligência, e fazer-se consciente do problema e resolvê-lo". Então, essa solução voltou... não era uma solução real... o problema nunca foi realmente resolvido... Este é como o fim da filosofia ocidental; não puderam ir além disto. E agora, quando olhamos os ensinamentos do Buda, vemos que é aqui, neste lugar que o Buda entra em campo, e ele fala deste problema da "existência", que é chamado normalmente "As Quatro Nobres Verdades" Que falam de: Sofrimento, a Origem do Sofrimento, a Cessação do Sofrimento, e a Via que leva à Cessação do Sofrimento. E depois resolve o problema. Então, podemos dizer, que o modo de pensar Budista é "Pragmático" e também "Existencialista". Mas a solução assinala, que a crença na "existência" é o erro.

A solução é vista como "renunciar à ilusão da existência". Só quando se faz isto é que o problema é resolvido. E isso se converte na "Verdade Última", não a verdade absoluta, mas a verdade última, a verdade final, que é a solução de um problema. E é então pragmática nesse sentido, e é também existencialista, porque lida com esse problema existencial. Então isto é em curtas palavras, a Teoria Budista do Conhecimento, que acabo de introduzir desta maneira... podemos falar mais disto à medida que avancemos... De modo que obrigado. Que todos estejam bem e felizes.

Bhante Punnaji - "Epistemologia Budista" - Parte 2 de 2


Namo Tassa Bhagavato Arahato Sammasambuddhasa

Já discutimos o tema da epistemologia budista, e na última palestra, discutimos principalmente a história da filosofia Ocidental e nos introduzimos no tema do Budismo, muito ligeiramente no final. Então gostaria de dizer algo mais sobre os ensinamentos do Buda, mostrando que esta história da filosofia Ocidental já foi traçada pelo Buda no Kalama Sutta. Muitas pessoas que traduziram o Kalama Sutta, e muitas vezes o citaram, nunca viram isto apropriadamente... Sempre pensaram que o Buda era uma racionalista, o que é incorreto. A história neste sutta é que o Buda foi a uma parte da Índia chamada Kalama; as pessoas QUe viviam nessa área eram bastante inteligentes, e estavam interessadas em fazer perguntas muito importantes. Perguntaram ao Buda a respeito da "verdade", disseram "há muitas pessoas que vêm à nossa cidade, e sempre proclamam discursos dizendo que o que eles dizem é a verdade e todas as outras visões são falsas, e então elogiam suas visões, e condenam as visões de outras pessoas" Então o problema é: Em quem devemos crer? E em quem podemos confiar? Em quem podemos confiar e aceitar como o correto? Então o Buda disse, "Bom, quando surgem assuntos duvidosos, é bastante correto duvidar, quando um assunto duvidoso surge é apropriado duvidar" E depois diz, "não aceitem o que têm ouvido, ou o que têm lido em livros, ou que está em suas tradições. Não aceitem algo como verdade porque vem dessa maneira. " Agora, quando o Buda disse isto, estava em realidade renunciando ao primeiro nível de pensamento, que chamamos "Tradicionalismo".

A renúncia à crença em tradições, do qual falei antes. Depois diz, "Não aceitem algo mesmo que seja racional, ou porque está baseado na lógica" Quando diz isto, recusa a forma de pensamento racionalista. E depois diz, "Não aceitem algo inclusive porque está baseado em sua experiência" Agora, o traduzi assim, mas em Pali é: Akara parivitakka Akara quer dizer "o que observas" Parivitakka é inferência do que observas. Akara é o que se te parece, o que seja que se te parece mediante tua observação fazes uma inferência ao respeito, crias uma conclusão ou formulas uma teoria para explicar o que tens observado, isso é Akara parivitakka. Vitakka quer dizer... takka quer dizer lógica", vitakka é inferência lógica" mediante observação do percebido pelos sentidos. Então isso é pensamento empírico. Então recusa a maneira empírica de buscar a verdade. Depois diz, "Não aceitem inclusive o que é percebido mediante uma experiência mística" Em Pali é, ditthi-nijjhana-khanti. Nijjhana, refere-se aos jhanas, ditthi é uma visão, Ditthi-nijjhana-khanti é aceitação de uma visão obtida mediante "jhanas" A qual é uma experiência empírica... perdão... uma experiência mística. Jhana é, quando meditamos e entramos em certos estados que acalmam ou tranqüilizam a mente, e isso se converte em uma experiência mística, e nessa experiência mística pode ser que vejamos certas coisas. E as experiências místicas não são sempre os Jhanas, podem ser também algo como um estado hipnótico... O Buda fala de "Samadhi", de Samma Samadhi e Micca Samadhi. Mas Micca Samadhi refere-se ao tipo incorreto de Samadhi, Samma Samadhi refere-se ao tipo correto de Samadhi. Mas ambos são "Samadhi"... então a palavra jhana aí (em nijjhana) refere-se a "samadhi". E seja lá o que for visto enquanto se está em um estado místico, as pessoas podem tomar isso como "a verdade", e isso também é recusado aqui. E isto pode ser comparado ao que chamam Pensamento Trascendentalista". Os trascendentalistas foram os que em a filosofia Ocidental falaram de que os místicos podem experimentar esta verdade que é trascendente, a verdade que não pode ser observada pelas pessoas normais. Então, ele recusa isto.

E depois também fala de, "aceitação do que um mestre diz, por fé no mestre" Isto pode ser assemelhado aos existencialistas como Kierkegaard que falava do "salto de fé". E uma vez que recusa todo isso, agora o Buda diz, "quando (alguém) sabe por si mesmo, que certo ato é bom e que certo ato é 'mau', então renuncia ao 'mau' ato, e realiza o bom ato" Então pensa em termos de bom e 'mau'. Que quer dizer isto? É muito importante. Agora não está falando de "verdade" ... De que está falando? Está falando de bem e 'mal', em vez falar de verdadeiro e falso. Por que está falando de bem e 'mal' em vez de verdadeiro e falso? Verão... o importante é que, agora renunciou à busca da "verdade" Só lhe concerne o que é bom e o que é 'mau'. Ele veio trazendo um assunto desde o campo da epistemologia ao campo da ética. Entrou na ética, não na epistemologia, que é buscar "a verdade". Mas ao fazer isto também entra no pensamento pragmático, está pensando em termos de resolver um problema, em vez de buscar "a verdade". A solução de um problema é o bom.

Os filósofos existencialistas disseram, "a verdade e a bondade são o mesmo". E é aí onde o Buda tenta apontar. Quando você sabe que certa coisa é boa, você a faz. Quando sabe que certa coisa é má, a evita. E depois diz ademais, "quando saibam que os sábios aprovam um ato como verdadeiro, então o façam".

Em outras palavras, é algo SÁBIO realizar determinado ato; NÃO é SÁBIO realizar determinado ato. Esta é outra parte disto mesmo. E depois, a terceira parte é, "quando saibam as conseqüências desse ato, se leva à felicidade de si mesmo e de outros, então o façam; quando saibam que certo ato leva à infelicidade de si mesmo e outros, então não o façam" Então, aqui há três maneiras pelas quais julga um ato. Uma é simplesmente dizer se é bom ou 'mau'. O outro é, se é SÁBIO ou NÃO-Sábio, e o outro é, se leva à felicidade ou à infelicidade.

Tenho estado pensando a respeito disto, e obtive outra ideia importante que o Buda viu aqui: E isto é, algo que um psicólogo, Sigmund Freud trouxe à luz, e isso foi: Freud disse, "há três partes da personalidade" A uma chamo "id", à outra "ego", e à terceira, "superego". O "id" era simplesmente nossas emoções. E nossas emoções são em realidade reações ao prazer e à dor; desejamos prazer e odiamos a dor. E este desejo pelo prazer e a aversão pela dor, é o "id". Freud disse ademais, "o "id" está dominado pelo princípio de prazer", ao "id" concerne o prazer.

Depois falou da segunda parte, à qual chamou "ego". O "ego" é em realidade a faculdade racional, a habilidade de pensar e arrazoar. Isso é o "ego". E a terceira, é o "superego", ao qual concerne não o prazer, nem a verdade e a realidade, mas o "ser bom"; a parte moral do si mesmo é o "superego", quer ser moral, fazer o que é correto. Esta ideia trazida por Freud, que se supõe uma descoberta dele, mas ao mesmo tempo o Buda já tinha usado este conceito... Agora, não tenho tempo para discutir a perspectiva do Buda a respeito disto, podemos discutí-lo mais adiante, mas o importante é que quando fala destas três maneiras de julgar um ato, estas três maneiras estão relacionadas com isto... Primeiro diz, "vê se este ato é bom ou 'mau'", esse é o interesse do superego. Depois diz, "vê se este ato é sábio ou não-sábio", esse é o interesse do ego. E, "vê se este ato leva à felicidade ou à infelicidade", esse é o interesse do id. Vêem? Então, a estas três partes da personalidade põe-se-lhes atenção aqui. Então o importante a respeito do Buda aqui, é que tem recusado a busca da verdade, mas ao mesmo tempo, fala das "Quatro Nobres Verdades".

Que são estas Quatro Nobres Verdades, se "a verdade" tem sido recusada? Novamente aqui, ele tomou a perspectiva pragmática, Que diz, "Não há verdade que descobrir, mas só problemas que resolver", e o mais importante e básico dos problemas, é o problema da "existência", no qual nos fazemos conscientes da morte, e a ansiedade conectada à morte, ... esse é o problema... e é a esse problema que o Buda chama "Dukkha", e fala da Causa do Dukkha, e da Cessação do Dukkha, e da Via que leva à Cessação do Dukkha, a qual é a solução para esse problema. E então, a solução que realmente resolve o problema pode ser chamada "a verdade", é por isso que o Buda as chama as Quatro Nobres Verdades. É então "a verdade", nesse sentido. Agora, há outro sutta chamado "Canki Sutta", no qual o Buda assinala outra maneira de discutir a verdade; diz... usa três palavras... "Saccanurakkhi", "Saccanubodho", "Saccanupatti". Saccanurakkhi é algo que podemos traduzir como "a preservação da verdade". Preservar a verdade; Saccanurakkhi. Saccanubodho é "compreender a verdade". E Saccanupatti é "entrar na verdade".

Agora, quando fala de Saccanurakkhi ou "Preservar a verdade", diz, "se uma pessoa diz, (...'a escritura diz isto'...) 'e portanto é a verdade', não está preservando a verdade". Então, em vez de dizer que é a verdade, se pode dizer "isto é o que tenho lido", então está preservando a verdade. Se ouviu-o de alguém, e se pode dizer "isto é o que ouvi", então está preservando a verdade, porque está dizendo a verdade. O importante então aqui não é, FALAR de uma verdade, senão ser verdadeiro, veraz. Então quando falas do que tens ouvido, "isto é o que tenho ouvido", estás dizendo a verdade.

Se dizes "esta é a verdade", então não estás dizendo a verdade. Então, essa é a "Preservação da verdade". A seguinte é, "Compreender ou Realizar a verdade", que é resolver o problema. A solução do problema é a realização da verdade. Porque o que chamamos verdade" é a solução de um problema, e o mesmo resolver o problema é a "verdade", "realizar a verdade".

Depois fala de "entrar na verdade". A maneira que o explica é, seguir o caminho para a realização da verdade. Seguir o caminho... há um método para realizar a verdade, é a evolução gradual da consciência, da que lhes falei em outra oportunidade. O método de realizar a verdade, isso é o importante. "Entrar na verdade". Então o Buda fala de três coisas, uma é preservar a verdade, realizar a verdade, e entrar na verdade. Isto é muito importante.

E esta maneira de pensar é também muito importante, e dizemos que o Buda não falou da verdade, como verdade absoluta, porque diz: "Na heva sacca bahuni nana, aññatra saññaya niccani loke", "Não há muitas verdades no mundo, apenas (sañña) percepção" Depois diz, "Takkan ca ditthisu pakappayitva, saccam musa ti dvayadhammam ahu", "Ao usar a lógica nas visões (das coisas), as pessoas começam a falar de duas coisas, chamadas verdade e falso" Então o que quer dizer é que, na realidade, não existe tal coisa, o verdadeiro e o falso; é só quando as pessoas começam a usar a lógica que começam a falar da verdade e do falso. Só podemos falar de percepções", e não há verdade mais que as percepções. Então, ele aceita esse ponto de vista empírico também, ao dizer isto. E depois claro, assinala que mediante o aferrar-se às percepções, ninguém é livre do Dukkha, e inclusive do processo de nascimento, envelhecimento e morte. E que só mediante o desapego de tudo isso, é que o problema é finalmente resolvido.

Em outras palavras, nessa solução final, volta ao entendimento da verdade. Então, espero que tenham compreendido a Epistemologia Budista, e espero que se beneficiem, Que todos estejam bem, confortáveis, em paz e felizes.